Aqui no Rio de Janeiro não é incomum ver pessoas revirando o lixo dos contêiners que são colocados na rua à noite pelos condomínios, aguardando a hora em que passará o caminhão da Companhia Municipal de Limpeza Urbana – COMLURB -, o que acontece, geralmente, de madrugada.
O resultado é que o lixo fica todo remexido pelo chão. O trabalho dos lixeiros, com certeza, é muito mais demorado porque eles não podem somente colocar o conteúdo das latas de lixo no caminhão. Eles têm que catar tudo o que ficou espalhado. São três pessoas nesta função. Eles abrem um grande plástico no chão. Depois varrem o lixo para cima. Daí, uma pessoa de cada lado pega duas pontas do plástico, como se fosse um lençol. Então, eles balançam para ganhar impulso e arremessam o conteúdo no caminhão.
Por mais que tentem, nunca fica um serviço bem-feito. A maior parte do lixo vai, mas outra fica ainda pelo chão da rua porque não dá tempo de fazer uma limpeza perfeita. Para agravar, o caminhão fica com o motor ligado às 2 horas da manhã, fazendo um barulho muito alto, acordando a vizinhança.
Este é um enorme problema e a solução, com certeza, é entender como e qual lixo pode chegar aos catadores sem fazer tanta sujeira. Embora haja algumas iniciativas, ainda são incipientes.
Mas este texto é também para parabenizar os lixeiros que tiveram a ideia de abrir este saco no chão da rua. Eles acharam uma alternativa criativa e quem se debruçar no tema pode vir a projetar uma solução para catar lixo da rua inspirada nesta solução.
Também achei admirável a solução dos lixeiros da COMLURB que colocam pregos nos contêiners laranjas, para que o saco plástico que fica dentro deles não escorregue.
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A designer Gisela Costa Pinheiro Monteiro é professora do Departamento de Design e Tecnologia da Universidade Federal Fluminense, doutora, mestre e graduada pela Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ESDI/UERJ) e técnica em Design Gráfico pelo Senai Artes Gráficas do Rio de Janeiro.