SOLUÇÕES COM DESIGN - O desafio dos bicicletários. Por Gisela Monteiro.

Tenho um grande acervo de fotos de bicicletários. Acho que é um daqueles projetos que parecem simples e fáceis, mas que são muito difíceis na realidade. Imaginando que temos todas as possibilidades do mundo, qual seria o bicicletário ideal?

É importante termos em mente que bicicletários são estacionamentos de bicicletas. Diferentemente dos carros, elas devem ser presas de alguma forma porque são facilmente furtadas. Aí é que mora o problema. Porque as bicicletas que ficam no meio das outras são difíceis de serem acessadas. A gente acaba esbarrando nas do lado na hora de colocarmos a corrente, correndo o risco de sujar nossa roupa de graxa. Sempre busco as pontas do bicicletário para ser melhor de colocar e tirar a corrente da bicicleta.

Uma outra questão a ser levada em consideração é que os bicicletários devem ser firmes e difíceis de serem desmontados. Isto deve ser associado a outro fator que é o material com que ele será confeccionado. Alumínio, por exemplo, é uma ótima alternativa por ser resistente, dificilmente deteriorável, mas é caro e “muito” furtado.

O desafio é pensar na forma de fixação das bicicletas. Vi em Boston e em outros lugares dos EUA um modelo que achei particularmente interessante, pois não era um bicicletário integrado. São pequenos postes com espaço para prender apenas duas bicicletas, uma de cada lado. Achei super prático, porque vi algumas áreas com apenas um e outras com vários perfilados. O único problema que achei foi em relação à acessibilidade, pois, assim como nossos orelhões, o poste possui uma protuberância acima do chão, o que pode ser ruim para um cego. E eu não vi uma cinta no chão, indicando que ali teria algum obstáculo.

Esta é uma questão para ser aperfeiçoada, levando em consideração que o bicicletário é um mobiliário urbano que deve ser resistente, seguro e com fácil acesso para os usuários.

A designer Gisela Costa Pinheiro Monteiro é professora do Departamento de Design e Tecnologia da Universidade Federal Fluminense, doutora, mestre e graduada pela Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ESDI/UERJ) e técnica em Design Gráfico pelo Senai Artes Gráficas do Rio de Janeiro.