Em uma recente viagem a Tiradentes, Minas Gerais, tive a oportunidade de passear em uma antiga locomotiva movida à carvão, conhecida como “Maria Fumaça”. Fiquei encantada com o encosto dos assentos, que podem ser facilmente mudados, permitindo que o passageiro sempre esteja sentado na mesma direção do movimento do trem. Já no metrô do Rio de Janeiro, por exemplo, os assentos são fixos. E a gente viaja de costas, o que não é muito agradável.
Eu me lembro de ter visto esta solução de encosto de assento tempos atrás, mas desta vez fiquei um tempão tentando entender o funcionamento. Por serem as Marias Fumaças transportes muito antigos, achei que o acionamento poderia estar enferrujado ou emperrado, mas estavam funcionando perfeitamente. Apenas o couro do estofamento estava gasto. Tive vontade de desmontar e entender o mecanismo. Daí fiquei pensando que esta ideia de virar os encostos poderia ser uma proposta de projeto para os metrôs. Os céticos irão dizer: “inviável!” ou “seria caríssimo!”. Mas acho que este é o papel da faculdade, colocar os alunos para pensar em soluções para que nossa vida seja melhor.
Também fiquei pensando em propor aos alunos para pensarem neste tipo de mecanismo de “vai e vem” aplicado em outros produtos, não somente em assentos. Isso poderia vir a dar uma série de belos projetos.
Note que um simples funcionamento do encosto de um assento de trem motivou muitas ideias. Várias delas surgem em meus momentos de folga. Por isso que estou sempre equipada com meu celular para registrar tudo o que acho interessante. Defendo que um designer deve estar sempre atento, porque muitas vezes as soluções que encontramos para nossos projetos são tiradas das nossas vivências.
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A designer Gisela Costa Pinheiro Monteiro é professora do Departamento de Design e Tecnologia da Universidade Federal Fluminense, doutora, mestre e graduada pela Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ESDI/UERJ) e técnica em Design Gráfico pelo Senai Artes Gráficas do Rio de Janeiro.