SAÚDE MENTAL - Infoxicação: os excessos de interações virtuais estão contribuindo para o nosso adoecendo emocional? Por Luana Segato.

Você sabe o que significa a palavra INFOXICAÇÃO?

Trata-se de um termo inventado há pouco mais de 20 anos pelo físico espanhol Alfons Cornella, que refere a uma doença silenciosa, causada pela soma de informação com intoxicação.

Cornella afirma (nesta entrevista à TV Brasil) que a doença tornou-se uma epidemia causada por ‘vírus’ que estão nos meios de comunicações como a internet, TVs, jornais, jogos eletrônicos e videogames.

Sim, você leu videogames, eles também são considerados um meio de comunicação efetivo devido o seu alto nível de engajamento, sendo utilizados como ferramentas de ensino em diversas escolas, tais como a Quest to Learn, em Nova York, e até mesmo a Unaerp (Universidade de Medicina Ribeirão Preto) em pesquisas contra o mal de Parkinson.

Para saber se você está sofrendo de infoxicação, atente-se a sintomas como:

– Hiperconectividade (conexão excessiva com meios digitais);
– Dispersão (olhar sem ver);
– Dificuldade para concentrar-se (perda do foco);
– Crescimento da ansiedade (aceleramento do batimento cardíaco, entre outros);
– Aumento do estresse (cansaço, tensão muscular, dores de cabeça e demais sintomas);
– Aparecimento da síndrome da fadiga informativa(*).

Caso você se enquadre nestes indícios, conscientize-se de que a necessidade de estar a todo momento atualizado com o que está acontecendo no mundo pode estar te adoecendo. Portanto, sempre que possível, visando manter sua saúde mental em dia, pratique ‘estado de presença’ fazendo cada coisa de uma vez e usufrua harmoniosamente dos meios de comunicações, priorizando:

– Aplicação de filtros de absorção de conhecimento (periodicidade e quantidade de tempo);
– Busca de conhecimento nos meios de comunicações certos (aqueles que realmente trarão algum valor para você, sua família e sua profissão);
– Exclusão do que não é importante (grupos de WhatsApp, alertas e notificações de redes sociais e e-mails, que podem ser tornar grandes vilões para dispersão).

Também se atente para as notícias que você absorve rotineiramente, pois há estudos na neurociência que comprovam que, para cada uma notícia negativa que assimilamos, nosso cérebro precisa de pelo menos cinco informações positivas para neutralizar o pessimismo.

Já sabemos que quantidade jamais será sinônimo de qualidade, como disse o grande filósofo Mario Sergio Cortella: ‘Informação é base para o conhecimento, informação é cumulativa, conhecimento é seletivo’.

Desejo parcimônia e equilíbrio em suas buscas por conteúdo nos meios digitais.

Um grande abraço,

Luana Segato
Educadora Executiva, Professora, Coach, Palestrante e Pesquisadora do comportamento humano e as influências cognitivas e emocionais do estresse na saúde mental.

(*) Síndrome da Fadiga Informativa: conceito nomeado pelo psicólogo David Lewis, autor do livro ‘Information Overload’, no qual afirma que a overdose de informações pode nos gerar irritabilidade, distúrbios de sono, problemas gástricos, dificuldades de memorização, tensão e estresse, podendo ainda atrair consequências maiores tais como doenças psiquiátricas (depressão, pânico, ansiedade entre outras).