Românticos estão em extinção. Por Neusa Medeiros.

Lamento dizer, mas percebo que os românticos são uma espécie rara, praticamente em extinção. Embora Renato Russo tenha cantado, em verso e prosa, que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, o fato é que muitos se fecham para qualquer forma de afeto. Vivem num casulo, protegidos de si mesmos, com medo de se emocionar, de viver.

Sentir emoções é libertador. O amor pode até nos fragilizar, pois não aceita amadores, mas apresenta tantas versões, aponta caminhos, desvenda detalhes, que nos permitem o encantamento pelo outro. Dá medo? Claro!

O medo é um lugar sem luz, onde as oportunidades podem se esconder; as emoções vivem mascaradas e o querer se transforma em dúvida. Este local de endereço incerto não permite que os momentos felizes encontrem os dispostos. Não é lá que mora o amor.

Abraçar as chances e desejar driblar os descaminhos é desafiador, mas ajuda a não procrastinar os sentimentos. Nem todos os afetos são previsíveis. Para resolver essa fórmula, é preciso estar em movimento, evoluindo, descobrindo possibilidades e se reinventando.

Um dia termina e outro recomeça, quando tudo pode acontecer. Lidar com a impermanência faz parte do processo. Lamentar não nos leva adiante, mas nos paralisa. Ao término de uma história, ou você sofre porque acabou ou agradece porque viveu.

Um dia pode ser tudo, menos perdido. Faça valer a pena. Não deixar a vida expirar é urgente e necessário para não corrermos o risco de assitir um filme que não tem o nosso roteiro.

Se pudesse, decretava: a partir de hoje, cada pessoa terá um amor para chamar de seu; viverá uma paixão e terá a oportunidade de se encantar, de ser caça e caçador. Ninguém mais sairá de cena sem ter vivido, pelo menos, uma história eletrizante; de saborear o lado apaixonante de conhecer e se dar a conhecer; de sentir borboletas no estômago e frio na barriga. A partir desta data, só ficará sem amar quem não estiver disposto a se doar.

Como assinala o escritor Augusto Cury, “as pessoas sensíveis sofrem mais, mas amam mais e sonham mais”. Mesmo assim, vale o risco.

Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.