Quem disse que seria fácil, exagerou! Por Neusa Medeiros.

Passamos a vida tendo que fazer escolhas. Ela nos instiga e nos leva a fazer opções o tempo todo. Às vezes até cansa, mas são as regras do jogo. Viver na corda bamba, no fio da navalha, na gangorra das definições.

A escritora Lya Luft falou com propriedade sobre perdas e ganhos. Pois é bem isso. Nem 100% perdas e nem tão pouco totalmente ganhos. É comprar o sonho, desafiar o improvável, se surpreender com os desafios da caminhada.

Viver é correr riscos, permanentemente. Nunca estamos seguros. Mesmo o que está preso na nossa teia, um dia poderá se soltar. Quem disse que seria fácil, exagerou! É desafio diário na veia. Ao mesmo tempo, não é sobre enfrentar, é sobre aprender com os danos que nos tornam realmente mais maduros e preparados para a vida.

Nem sempre escolher é garantia de acerto. Existe o caminho equivocado, sem propósito, onde erramos nos cálculos, pois subestimamos a nossa capacidade de superar as perdas. É aquele mergulho no raso, que quase nos afoga. Mas pense nos acertos. Nas conexões maravilhosas, nos desafios aceitos, que foram um combustível, na instância pessoal e profissional.

Nestes tempos bicudos, onde tivemos que nos reinventar, precisamos, mais do que nunca, saborear a vida a cada garfada, pois assim vamos tomando gosto. Vez por outra até surgem as perguntas: mas o que era mesmo que nos unia? Quem é vital, imprescindível? Pois arrisco dizer que, quem ficou depois desta avalanche, realmente merece um lugar especial, no lado de dentro do coração.

É preciso nos conhecer por dentro para perceber o momento de deixar ir, sem sofrimento, reconhecendo que fizemos o melhor. Que as mazelas destes tempos difíceis tenham contribuído para contabilizarmos experiências. A vida é entrega, então não vamos economizar nos afetos.

Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.