Presentes institucionais: escolhas assertivas para relacionamentos frutíferos. Por Andrea Nakane.

As manchetes do noticiário, na atualidade, apesar de toda a sua pluralidade, estão com os holofotes em cima de um grande escândalo envolvendo troca de presentes entre nações e seu destino desvirtuado, de forma imoral e sem ética alguma.

O tema remete a reflexões profundas de todas as partes envolvidas, não só nas esferas governamentais, de todos os poderes, mas também nas ambiências corporativas com relação a esse rito, tão antigo quanto a própria humanidade, de presentear o outro, em função de estratégias de reforçar laços construídos ou em construção.

A palavra presente deriva do termo em latim praesentia, que significa alguma coisa que está perto, ao alcance de alguém. O ato de presentear, historicamente ativo em diversas culturas, ganha maior significância pelo fato de ser gesto que traduz a intencionalidade de estar próximo, mesmo à distância, de uma forma amigável, respeitosa e cordial.

Além disso, vai muito além de uma convenção social já instaurada, pois um presente também traduz apreço, fortalecendo vínculos e seu valor não pode ser vinculado a uma mera questão monetária e de status de privilégio, que pode soar até como algo pretencioso e arrogante.

Toda essa contextualização nos gera a identificação de que a ação de presentear torna-se uma verdadeira arte e que deve ser conduzida de forma muito estrategista e responsável.

No universo corporativo, essa questão não pode ficar isolada e ser tratada sem a aderência as diretrizes de compliance. A célula de Comunicação e Relações Públicas, por sua ordem de competências, deve ser o departamento que responda pelas escolhas e gerencie – de forma muito pragmática – os investimentos aplicados nessa prática, tão comum e impulsionadora de relações mais harmoniosas e gentis, que por si só caracterizam o estabelecimento de alianças mais saudáveis e exitosas.

William Shakespeare já nos ensinou que “a excelência de um presente está muito mais em sua adequação e pertinência que em seu valor”.

É ledo engano acreditar que um presente de impacto necessita de elevado orçamento. O que realmente terá peso é a criatividade, funcionalidade e vínculo com o conceito e representatividade de quem oferece.

Na atualidade, o compliance torna-se uma referência em todos os espaços corporativos e no ato de presentear nesse contexto não seria diferente. Se há legislações e recomendações empresariais, as escolhas devem mapear os comportamentos, respeitando os limites éticas, sem gerar desconforto ou sensação de suborno.

Vale ressaltar que a propina normalmente está vinculada a gerar benefícios indevidos de caráter particular.

A primeira ação então seria colocar realmente em prática esse código e se, por acaso, a corporação não tiver, urgentemente a área de Comunicação deverá fomentar sua formatação.

O Código de Ética permite que sejam dados brindes e presentes e custeados os gastos com a hospitalidade de autoridades, desde que respeitada a lei, tanto da própria organização quanto da do qual o presenteado faz parte.

E essa é a máxima das atividades de RP, conhecer muito bem o seu interlocutor nos moldes de pessoa jurídica. O desafio é realizar tudo isso sem violar as normas internas e a legislação externa, nacional ou estrangeira. É muito viável, mas precisa realmente ter alicerces éticos, precisos e tangíveis.

Qualquer outra conduta que se distancie desses parâmetros citados, sem dúvida alguma poderá levar a empresa a ser uma das coprotagonistas de uma crise de imagem e reputação, com resultados imensuráveis que irão prejudicar toda a sua trajetória, com penalidades hercúleas.

Portanto, toda a atenção a esse item será ainda pouca, para que não deixemos algo tão interessante, afetuoso tornar-se vil e irresponsável.

Andrea Nakane é bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas. Possui especialização em Marketing (ESPM-Rio), em Educação do Ensino Superior (Universidade Anhembi-Morumbi), em Administração e Organização de Eventos (Senac-SP), e Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF). É mestre Hospitalidade pela Universidade Anhembi-Morumbi e doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, com tese focada no ambiente dos eventos de entretenimento ao vivo, construção e gestão de marcas. Registro profissional 3260 / Conrerp2 – São Paulo e Paraná.