Entre laços de fitas
Sonhadas em cetim
Viveu a prisão da sociedade
Além da liberdade de ser natureza
Gerou vidas
Lutou sobre o piso de terra batida
Encerado com vegetais triturados e expelidos pelos animais
Massas esquecidas sobre os pastos
Dividiu-se entre paredes de adobe
Sob telhados de telhas de barro feitas nas coxas dos escravos
Brava guerreira, forçada a deixar seus povos e sua oca
Seguiu a se refazer de si mesma a ressignificar a vida
Passou sem deixar marcas
Apagou rastros e memórias
Para que nenhuma outra fosse a sofrer o desgosto de ser
Apartada da mãe natureza
Teve a alma salva
Coberta pelo manto verde da mata onde germinou mulher
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Imagem: Regina Mello.
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Poema publicado na antologia “Originárias” da Ajeb.
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Regina Mello é artista visual pela EMBAP e Escola Guignard – UEMG. Poeta, editora, curadora, gestora e produtora cultural independente. Fundadora e diretora do Museu Nacional da Poesia (MUNAP).