PAPO DE TERÇA - Todo dia é dia da consciência e da representatividade negra. Por Nathália Corrêa.

Alguns estados brasileiros terão uma pausa no meio da semana para o feriado, em plena quarta-feira. Um bom momento para descansar, fazer um passeio ou refletir sobre a simbologia do 20 de novembro, dia da Consciência Negra.

Não tenho lugar de fala para abordar as lutas, as dificuldades e as conquistas que as pessoas negras enfrentam, mas, como publicitária, convido para uma reflexão sobre a maneira em que as marcas estão abraçando e praticando a diversidade seja na representatividade das suas comunicações com o público ou na disposição de vagas para a equipe interna.

Diversidade e representatividade. Dois termos em uso contínuo nos últimos tempos, principalmente no meio corporativo – como uma tentativa de incluir e aproximar as marcas das pessoas e das lutas sociais. De acordo com o dicionário, diversidade significa variedade, pluralidade e é uma característica do que é diverso. Já o termo representatividade possui a qualidade de representar com efetividade. Será que a comunicação traz pluralidade com efetividade na propaganda? Algumas campanhas publicitárias, como você já deve ter notado, trazem pessoas negras como protagonistas. Em alguns programas de TV temos negros como apresentadores. Perceba que me refiro a ‘alguns’ porque ainda são minoria.

Voltando para a publicidade, infelizmente, a comunicação, principalmente pela amplitude do meio digital e do buzz marketing, costuma seguir tendências e não disseminar culturas. Diretores de agências insistem em ‘vamos colocar um negro aí nessa peça para mostrar diversidade’. Ou senão ‘não temos muitas mulheres negras como executivas. Coloca um homem branco porque representa o público’. Em que curva o teor comercial da publicidade esbarra na sua influência social? Ela segue ou ela cria padrões sociais e de consumo?

Quando uma marca levanta uma bandeira na sua comunicação, coloca a diversidade na vitrine, ela realmente segue tal mindset em todos os aspectos? Claro que o objetivo da publicidade é vender um produto ou um serviço. Mas, os consumidores são pessoas que compram experiências e propósitos, além das mercadorias. O consumidor está exigente e o mundo está chato, sim. Nenhuma mudança é fácil, não é mesmo? Seja você um diretor executivo, um empreendedor ou um estagiário, mudar o pensamento e as nossas condutas diárias como pessoas e profissionais é a primeira atitude para mudar as empresas.

Aproveite essa data para revirar o baú da história, que já é muito diferente de quando estudamos no colégio, exercer a empatia, refletir sobre os passos que a humanidade, a sociedade e as empresas ainda precisam caminhar para que a diversidade seja uma prática natural e a publicidade se torne cada vez mais inclusiva.

Imagem: Clarke Sanders.

Nathália Corrêa é bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e tem MBA em Marketing Digital. Atua na gerência de marketing e mídias sociais.