O crescimento da digitalização nas sociedades e economias contemporâneas está causando incertezas e desafios para as forças de trabalho e sistemas sociais. Novas tecnologias afetam a disponibilidade, natureza e qualidade dos empregos. Ao mesmo tempo, muitos países estão enfrentando mudanças demográficas significativas devido ao envelhecimento das sociedades, com menos jovens entrando na força de trabalho.
Destaco, então, a influência na dinâmica econômica das organizações e da sociedade para a construção de um cenário analítico que revela o surgimento de novas expectativas e valores em relação ao trabalho e à carreira na sociedade, impacto da tecnologia e da comunicação, mudanças demográficas, aumento da importância dos países emergentes na economia global. A reflexão se dará no contexto da digitalização e o futuro do trabalho, evidenciando o cenário das incertezas da economia contemporânea global.
Dentro dessa perspectiva, a tecnologia sociável está inserida na sociedade em rede criada por Manuel Castells em sua obra ‘A galáxia internet: reflexões sobre internet, negócios e sociedade’, em que o autor explica a sociedade cuja estrutura social foi construída em torno de redes de informação microeletrônica estruturada na internet. Assim, com a inserção da sociedade no meio digital, os canais de relacionamento das empresas passaram a ser automatizados, utilizando, ao invés de pessoas, robôs para o primeiro contato com o consumidor, denominados por Sherry Turkle como ‘robôs sociáveis’.
A tecnologia sociável é a automatização da mão de obra. As ferramentas digitais se ‘relacionam’ com o humano por meio dos algoritmos, um conjunto de etapas para se executar determinada ação, um tipo de especificação para lidar com problemas que consiste em passos bem definidos e aplicados como parte de um programa de computador.
Pontuo que sem intervenção humana, a tecnologia pode se tornar a premissa aceita do sistema de valores compartilhados. Em um mundo definido por computadores, velocidade e eficiência se tornam os valores primários. Para isso, é preciso mudar a maneira como se pensa sobre os empregos. Apesar de todos os desenvolvimentos modernos, inclusive na economia digital, o sistema de acordos coletivos e a cogestão continuam sendo instituições importantes.
Precisa-se também aproveitar as oportunidades apresentadas por essas mudanças transformadoras para criar um futuro do trabalho com segurança econômica, igualdade de oportunidades e justiça social para, assim, reforçar o tecido das sociedades. Por fim, as paisagens conceituais e empíricas trazidas por esse texto revelam uma preocupação de compreender condições, contradições e complexidades da digitalização e do futuro do trabalho atualmente.
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Ana Moura é brasileira, relações-públicas e estudante de Relações Internacionais. Gosta de falar sobre tudo. Atua como pesquisadora de Comunicação e Trabalho e de Cultura Organizacional.