Pode parecer egoísmo, mas tenho vivido alguns aprendizados que me permitem fazer escolhas. O tempo anda escasso e preciso, cada vez mais, ouvir a minha intuição. Ela grita, mas às vezes, como desejo seguir, nem sempre escuto. Atravesso com um salto os indícios de mau tempo para chegar do outro lado, onde está o meu querer, sempre tão livre e solto. Pego chuva, me assusto com os relâmpagos que avisam a tempestade que está se armando, mas enfrento.
Estipulo um período para curtir a dor e tento não me entregar à avalanche de motivos para desanimar, pois eles sempre irão existir. O prazo não pode ser longo para que a dor não se cristalize e se apodere de mim. Constato então que alguns momentos precisam ser ressignificados. Não temos domínio nem sobre o nosso coração… como imaginar que sempre sairemos ilesos?
Cada um sabe o quanto já teve que se desafiar para enfrentar os seus medos. O preço a pagar para renunciar aos sonhos. A luta travada para trocar de planos, mesmo sem saber se as escolhas eram as mais acertadas. É aprendendo o tempo todo. Na realidade, vivendo e aprendendo a jogar.
Convicta disso decidi, já faz algum tempo, andar de mãos dadas com o coração. Entendi que se ele não sabe tudo, pelo menos sente e bate acelerado com os momentos felizes, deixado a vida pulsar. Não desejo que os problemas sejam prioridade para mim. Só as soluções. Por isso busco me ajustar aos sonhos.
Tenho os meus limites. O primeiro deles é o meu amor-próprio, como sempre citou a escritora Clarice Lispector. Se o coração sentiu paz, já sinaliza uma escolha mais equilibrada, sem rompantes. Certa vez ouvi: põe quanto és no mínimo que fazes. Ah… gostei disso! Talvez os intensos me entendam, pois nos revelamos nos detalhes e nas escolhas. Quem não souber traduzir isso, terá menos recursos disponíveis para desvendar assertivamente o outro.
Por isso o meu coração tem falado mais alto. E se a tristeza bater na porta, fizer um ar de sofrimento, já vou logo avisando: o tempo por aqui é bem limitado. Siga e não precisa voltar!
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Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.