De repente, você se olha no espelho e vê uma nova versão de si, mais independente, solta, pop e completa. Os outros também reparam, e você fica encontrando respostas para justificar, que a essência segue a mesma, mas algumas performances mudaram.
Às vezes, a gente nem lembra o motivo de ter começado, mas quando menos se espera a chave vira e percebemos que temos menos futuro que passado. Na verdade, a mudança pode até assustar, mas quem sabe não é aquela chave que poderá abrir uma porta que andou por tantos anos trancada? Então, se permita fazer escolhas; mudar as certezas de lugar; navegar em outros mares; usar cores diversas; provar comidas e bebidas diferentes; ouvir novas músicas; ler incontáveis autores; ver filmes inéditos; conversar sobre amenidades.
Fizemos alguns acordos com a gente mesmo, lá no passado, e carregamos isso a vida toda. Esquecemos que renovar a vida não é trair os sonhos, mas evoluir. Toda mudança leva tempo e, por isso, respeitar o processo ajuda, e muito, neste caminho. Quem já não se pegou inovando e, depois de enfrentar o medo, gostando do novo? É preciso muita força interior para quebrar alguns paradigmas, ultrapassar a arrebentação e correr o risco de acertar ou também errar. Faz parte do jogo.
Nesta reconstrução, não se compare com ninguém. Cada um faz o seu caminho, no seu tempo. Alguns nem fazem, seguem na mesma trilha, bem devagar, e está tudo certo. Não teremos todas as respostas. A vida sempre apresenta novas perguntas. Como afirmou a escritora Clarice Lispector: “mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade”.
Apaixone-se pelo processo, pelo caminho e pela descoberta de novas possibilidades, em busca da sua melhor versão. A maturidade irá ensinar que viver bem é aceitar o que não temos condições de mudar em nós e nem tampouco no outro.
A escritora Lya Luft, que tive a honra de conhecer pessoalmente, certa vez decretou: “a maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranquilidade, querer com mais doçura”.
É sobre isso e ponto!
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Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.