‘Ei, moça, eu vou querer um texto na revista do mês com foto de todos da equipe’.
‘Oi, amigo, me vê um vídeo na TV dos andares, por favor’.
‘Para mim, pode ser só uma notinha simples para a imprensa’.
Sexta-feira, 16h30, Joana – a ‘moça da comunicação’, ou ‘a menina do jornalzinho’ – corre para fazer os últimos ajustes no texto que deve ser enviado aos funcionários da empresa, ‘hoje ainda’. Ao lado dela, está o colega Pedro – ‘o menino dos desenhos’ – ao telefone com um dos gestores da empresa, ajustando as cores e refazendo a arte da landing page que estão criando para a campanha de lançamento de um novo produto. Se você trabalha ou já trabalhou com Comunicação Corporativa talvez já tenha entendido do que eu estou falando.
Joana é na verdade uma profissional de Comunicação Social, com especialização em Comunicação Estratégica e anos de experiência na área. Pedro é um designer de formação, com passagens pelas principais agências de publicidade do país, cursos de atualização no exterior e mais alguns anos de experiência em criação. O que os dois tem em comum? Conhecimento técnico e experiência para executar os seus trabalhos.
‘Ah, mas qualquer um faz o jornalzinho e cria um arte para a empresa’.
Na Comunicação Corporativa há uma diferença abismal entre fazer e alcançar um objetivo. Realmente, qualquer pessoa alfabetizada é capaz de fazer um texto e qualquer um com um aplicativo de layouts pré-definidos consegue criar uma arte. As perguntas que poucos fazem são: qual o objetivo desse texto? O que se espera que a arte comunique? O texto teve o retorno esperado? Questionamentos como esses são levados em consideração por cada profissional da comunicação.
Comunicar estrategicamente é algo muito além de informar. A comunicação interna precisa fazer sentido, precisa estar conectada com os valores e propósitos da organização, precisa ser clara e consistente, deve ser feita na ‘mesma língua’ dos receptores, isso significa que o profissional da comunicação precisa usar os meios certos e as formas corretas para comunicar com o público em questão. Para isso, existem técnicas de redação, pesquisas que orientam as escolhas do profissional e muito estudo.
Para Paul Argenti, pesquisador e autor do livro ‘Comunicação Empresarial’, ‘a comunicação interna no século XXI envolve mais do que memorandos e publicações; envolve desenvolver uma cultura corporativa e ter o potencial de motivar a mudança organizacional’. Essa é mais uma forma de dizer que comunicar vai muito além de informar.
‘E o que a Joana e o Pedro estão fazendo de errado nessa história?’. Estão atendendo aos prazos estabelecidos e às vontades e gostos individuais de cada gestor.
O que você prefere: que a sua comunicação cumpra o prazo estabelecido ou que gere o resultado pretendido? Que a sua landing page tenha cores mais vibrantes, com muitos elementos chamando atenção, ou dar uma melhor experiência visual ao usuário? A Joana e o Pedro estudam técnicas, discutem com profissionais da área e se atualizam constantemente para alcançar os objetivos dos seus trabalhos: produzir sentido, provocar uma mudança.
Quando você chega para uma consulta médica e já diz ‘Doutor, eu preciso de um antibiótico, porque estou com uma infecção’, você está invalidando todo o conhecimento daquele profissional e gastando o seu dinheiro para não ter o serviço contratado que, neste caso, é a consulta. Deixe o médico te examinar, deixe ele fazer o diagnóstico e definir a melhor prescrição.
E quando você estiver diante da ‘menina do jornalzinho’ ou do ‘moço dos desenhos’, confie! E, principalmente, respeite e valorize o trabalho e o tempo de estudos desses profissionais. A Comunicação Corporativa não é uma pastelaria.
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Ana Luísa Amore é jornalista e consultora de comunicação, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação e com MBA em Gestão de Negócios. Mais de 10 anos de experiência em comunicação institucional, principalmente em comunicação interna e gestão da mudança, branding e assessoria de imprensa.