Leva tempo, mas o tempo leva. Por Neusa Medeiros.

O tempo, esse imbatível, tem sido implacável. Ele potencializa alguns momentos e nos distancia de outros. É capaz de se fixar nos detalhes e se perder no essencial. Também é forte e frágil com a mesma intensidade. Acredito que saiba sobre a sua força e se vanglorie disso.

Sorrateiramente, cria armadilhas, caminhos secretos, para alcançar até o inimaginável. Não poupa ninguém. Há quem não queiramos mais lembrar e existem aqueles que não desejamos esquecer. Afinal, as lembranças, boas e nem tão boas assim, constroem e edificam os nossos dias.

Este tempo é bem propício para refletirmos sobre o assunto e abrirmos a caixinha das memórias afetivas. Algumas poderão ser doloridas, mas o velho tempo também ajuda a curar as mazelas do que poderia ter sido e não foi. É o acaso brincando de correr com a gente, acomodando tudo do jeito mais leve possível pois, inegavelmente, somos uma coletânea de lembranças. Algumas tão lindas e outras nem tanto.

Ainda que o passado tenha deixado marcas, existe uma certeza: o futuro está intacto e depende – e muito -, das escolhas realizadas no presente. O passado é apenas um lugar de referência, não de residência; é um lugar para se criar memórias e não raízes. O tempo de fazer acontecer é agora.

Sendo assim, senhor tempo, vim te agradecer pelas perdas (necessárias) e pelos ganhos (merecidos). Como diz uma música da banda Legião Urbana, sempre em frente, não temos tempo a perder. Então, perguntei ao tempo qual seria a solução. Ele só disse: deixe-me passar, pois sou especialista em reviravoltas.

Viver exige esta plenitude, essa entrega. Que os bons momentos, os mais felizes, sejam infinitamente melhores e mais doces. Não vamos conseguir viver imunes. É a regra do jogo. Somos juízes de nós mesmos. Então, relaxe. Há coisas que levam tempo e outras que o tempo leva.

#ficaadica

Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.