Um fim que se alimenta de angústia, que corrói até os ossos, que não encontra parada, sabe ser doído. Ele carrega um término… que não acaba. Um fio, que como um elástico, encolhe e estica, vai e volta, sem força para se sustentar e nem arrebentar.
É uma fragilidade desmedida, que nem combina com nada já vivido. Muitas vezes é fruto da impermanência, da instabilidade emocional, do abandono. É aquele sentimento que sussurra: poderia ter sido, mas o vento mudou a direção. E isso não se aplica somente às relações amorosas. Pode ser vivido no trabalho que não encontra reciprocidade; nas amizades rasas e nas famílias com carência de empatia.
Encontrar o tom certo e avaliar o momento vivido exige um distanciamento dos fatos que nem sempre temos força para enfrentar. O certo é que se ainda dói é porque não está curado. Pode exigir um tratamento intensivo, uma cirurgia na alma, uns remendos no coração ou até um tratamento mais prolongado. Cada um sente como foi tocado e o quanto isso afeta os seus dias.
Sabemos que ninguém rouba o que foi vivido, então, não destrua as boas lembranças e nem permita que o rancor cubra de fumaça os caminhos já trilhados. Perdoar não significa aceitar o que aconteceu. É entender que não podemos seguir carregando fardos tão pesados – que muitas vezes nem nos pertencem. Não é concordar, mas entender que já aconteceu e não temos como mudar o passado. É avançar, pois quem guarda rancor impede que a sua vida encontre fluidez.
É poder voltar ileso, dos fatos, transformando as feridas em experiências de sabedoria. É ter a convicção de que existem os finais felizes e os finais necessários. Curar-se é nossa responsabilidade e não temos como escapar. É de dentro para fora, mesmo quando temos um apoio, uma bengala.
Se a vida não fica mais fácil, cabe tratar de ser mais forte. Aprender a ser filtro e não esponja. Assim, a função da tristeza passa a ser lavar a alma para esperar a alegria chegar. Pare e tome fôlego. Recomece a andar e aprecie o caminho. Existem surpresas no trajeto!
–
Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.