Quem fica parado é poste.

O mundo gira e a Lusitana roda… e por aí nós vamos. Quase tudo mudou nas últimas décadas, menos a hipocrisia brasileira e a comunicação institucional.

A modernidade chegou em todos os lugares: temos sites, portais, blogs, vídeos, newsletters etc., mas tudo feito para fora, para o cliente externo.

O mundo girou e a Lusitana rodou, mas a comunicação interna praticamente não mudou (desculpem a rima…). Ainda está na fase do “comunicado interno”, dos memorandos, e-mails, quadro de avisos. Não há uma discussão interna sobre os problemas da empresa, sejam eles operacionais, discriminatórios ou teóricos.

Há muitas formas de se resolver os problemas institucionais através de outros métodos que não sejam o papel impresso, por mais lindo que seja um folder.

Quando fui tratar das minorias na Secretaria do Trabalho do Estado do Rio de Janeiro, no ano 2000, a ideia era levantar os problemas de relacionamento interno através de observação e questionários, fazer uma série de esquetes que colocassem “fora” dos funcionários um problema que era de dentro. E apresentá-los ao longo do ano, chegando, de repente, numa sala ou num corredor, e reproduzindo o problema detectado.

Ao entrar para lá, a Secretaria estava nas mãos do PSB. Logo depois, antes que pudesse começar o trabalho seriamente, Anthony Garotinho, governador, saiu do PDT e foi para o PSB. Logo, perdi o meu computador e, mais tarde um pouquinho, o emprego.

Antes de perdê-lo, porém, consegui fazer uma apresentação durante um seminário interno e, nele, eu trazia todos os problemas encontrados na Secretaria, de racismo a homofobia. Foi um trabalho feito com alunos da UNIRIO e o sucesso foi total. Terminava induzindo a “plateia” a uma reflexão sobre seus próprios preconceitos.

Anos antes, em 1997, tentei inovar na discussão sobre acidentes de trabalho, mas em formato de um curta-metragem sobre um acidente de trabalho que havia realmente acontecido na empresa. Valeu mais do que mil preleções.

Mas, apesar do tempo ter passado e a Lusitana rodado, a comunicação interna das empresas não andou. Falta só o mimeógrafo a álcool…

Fiz a proposta aqui no OCI e este é um dos serviços que o Observatório da Comunicação Institucional vai prestar: uma atualização para os meios de comunicação interna.

Sobre Marcia de Almeida

Jornalista, escritora, roteirista, videomaker e militante da cidadania. Carioca de Botafogo, e botafoguense de coração, escreveu 4 livros de ficção e foi por muito tempo correspondente internacional, quando cobriu a guerra da Bósnia. Integra a Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ e, assinou mensalmente, por dois anos, no Caderno RAZÃO SOCIAL d’O Globo, a coluna Razão & Cidadania, abrangendo temas relacionados a minorias: LGBTs, pessoas com deficiência, ciganos, racismo, vítimas de intolerância, preconceito etc.