Entre tanta etiqueta e rótulos, falta a ética. Por Andrea Nakane.

No mundo das impressões forjadas, dos filtros que desconfiguram o real, das rotulagens padronizadas, há um valor que jamais deveria ter sido desprezado e que demanda urgência para seu resgate: a ética

Ética, segundo Aristóteles, caracteriza-se como fio condutor das pessoas à felicidade, no sentido mais amplo da palavra. E, dessa forma, pode-se entender que a mesma pressupõe um verdadeiro bem-estar na convivência do coletivo, respeitando regras e normas de conduta que fazem valer nossa interação de forma que todos estejam alinhados com as premissas regulatórias estipuladas pelo próprio agrupamento.

O filósofo ainda acentua que sua prática demanda a razão e a boa conduta, unificadas pelo conhecimento de que a vida, mesmo pertencente a cada um, tem só sua plenitude no viver social.

A palavra ética vem do grego ethos e pode ser traduzida como caráter e, na atualidade, está sendo considerada como algo em profunda crise, já que a ética não pode ser restrita ao individualismo e à competitividade, evocando, mais do que nunca, uma orientação para com o social.

As discussões hoje estão com os holofotes para o avanço, considerado por muitos aterrorizante, da Inteligência Artificial. Porém, urge que as questões éticas sejam prioritariamente eleitas como essenciais para que possamos dar conta dos desafios futuros.

Por enquanto, temos um mercado que torna-se, a cada novo dia, menos honesto, no qual cada um rege seu comportamento pensando em seus próprios benefícios, sem considerar as práticas que os une como membros de uma sociedade.

Bonificações de valores em dobro, plágio de textos sem pudor, negações esdrúxulas de algo que lhe é de sua total responsabilidade, elaboração de narrativas que remetem a pós-verdades… este cenário (pertinente ao tal mundo VUCA – Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) – exige, indubitavelmente, o contínuo exercício da transparência e da consolidação de valores morais orquestrados pela honestidade e total veracidade.

Há momentos em que, como profissional atuante no mercado, fico estarrecida com posicionamentos e comportamentos de colegas que trapaceiam, mentem e manipulam grupos de interesse pensando, única e exclusivamente, em benefícios próprios.

Sei que não podemos esmorecer… mas há momentos em que, mesmo esbravejando, parece que um lado nefasto de muitos está em domínio. É triste demais, mas, precisamos continuar sendo o que nos representa como essencial e que nos dignifica – gente.

Aos demais – que não compactuam com a mais pura humanidade -, só podemos lamentar e aguardar, já que as máscaras sempre caem, que, mais cedo ou mais tarde, a ética irá renascer entre nós, igual a Fênix, trazendo esperanças e horizontes mais auspiciosos.

Quero acreditar nisso, e você?

Andrea Nakane é bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas. Possui especialização em Marketing (ESPM-Rio), em Educação do Ensino Superior (Universidade Anhembi-Morumbi), em Administração e Organização de Eventos (Senac-SP), e Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF). É mestre Hospitalidade pela Universidade Anhembi-Morumbi e doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, com tese focada no ambiente dos eventos de entretenimento ao vivo, construção e gestão de marcas. Registro profissional 3260 / Conrerp2 – São Paulo e Paraná.