Coração derretido. Por Neusa Medeiros.

Sou dona de um coração derretido. Movida pelo amor, ao menor sinal de desinteresse, falta de empatia e amorosidade, reconheço que ele pode ficar comprometido. Estes indicativos denunciam a minha essência. Não avalio como fraqueza. Quando necessário, sei retirar forças das minhas entranhas e posso até me surpreender comigo mesma.

Sei que a vida é desafiadora e repleta de surpresas. Ela acontece no presente, embora existam tantos momentos inexplicáveis, que levam o nome de coincidência e que talvez morem no passado. Então, vigio e fico atenta aos sinais, que podem dizer mais que as palavras.

Valorizo os afetos, pois literalmente desinteresse não me interessa. Amor e empatia são inegociáveis e estão na prateleira de cima. Vivo buscando me abastecer e ser nutrida de amor, sempre. Afinal, sou intensa. Reconheço que ser gentil sempre faz a diferença, seja no mundo corporativo ou no pessoal. Não importa. Como afirma a escritora Martha Medeiros, que “nunca percamos o hábito de ser gentis”. Perfeito!

Quem se blinda talvez reconheça algumas vantagens aparentes. Acaba se protegendo de dores, encontra soluções práticas e rápidas para curar certas feridas. O coração está mais imune a solavancos, é fato, mas como fica a emoção à flor da pele? E a intensidade nas relações?

Percebo que, nas entrelinhas, é possível saber o que não é dito, o que não foi revelado e talvez nem será. Entre as linhas existe mais palavras que a vã filosofia pode alcançar! E viver e também proteger tantas emoções sempre terá um custo alto. Na realidade, quem  valoriza a reciprocidade, fica derretido pelo muito ou pelo tão pouco. É inevitável!

“Não me acostumo com negligência e sou avesso a ausências. Não partilho da intolerância e nem de fanatismos”, como registrou o escritor Erick Tozzo. Vou à luta, se preciso, e saboreio as batalhas vencidas. Por isso, guardo o que foi bom. Procuro cuidar do meu interior, ter a paciência necessária para reconhecer as escolhas e lutar as batalhas. Às vezes o coração, rasgado pela dor, vira retalho. Recomenda-se, nestes casos, costurá-lo com uma linha chamada recomeço. É o suficiente, sentenciou a poetisa Cora Coralina. Assino embaixo!

Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.