Quando o enrolar da massa perde o recheio
Não sei se é caso singular ou fenômeno recorrente, mas, em meio a tecnologias e inovações que ampliam as possibilidades de conexões, percebo ambientes cada vez mais rocambolescos, que giram e se enrolam em torno de si mesmos.
Setores, empresas e pessoas tão impactadas com um mundo dissonante — que, depois de tanta vivência, voltam a acreditar em segregação, muros e armas como solução — que têm dificuldade de seguir adiante e perdem o foco da sua razão de existir, do bem maior pelo qual deveriam trabalhar.
Clientes passam a ser vistos como final da cadeia produtiva e não o princípio dela. Leva-se muito tempo em discussões internas, fluxos de aprovação, avaliações baseadas no ponto de vista pessoal, que muda a cada nova notícia. É isso mesmo?
Faz sentido colocarmos clientes para abrir registros atrás de registros com atendentes virtuais e não investirmos o tempo em soluções que agreguem valor de fato e esclarecer o que está acontecendo?
Estamos abrindo mão de agir e comunicar dentro de um ambiente lógico que faça sentido para atender as necessidades do cliente, no tempo oportuno, com critérios claros de relevância e prioridade?
Não queremos mais envolver, engajar, fidelizar, acertar como interlocutores? Estamos sobrevivendo ou subsistindo, vivendo abaixo da existência, da significância?
Desde quando passamos a acreditar que as inteligências artificiais podem dar conta de costurar as relações humanas de troca, afeto e aprendizado sem que se baseiem em soluções e decisões conscientes dos seres humanos?
Será que nos distanciamos tanto que não enxergamos mais os humanos que estão por trás das disrupturas e dos interesses que carregam?
Porque as riquezas do mundo continuam nas mãos de poucos, mas ainda seres humanos…
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Fernanda Galheigo é jornalista com foco em comunicação interna e fortalecimento da liderança. Mãe de gêmeos, é apaixonada pela comunicação como forma de cura, ferramenta de gestão e de qualidade de vida.