COLOCA NA RODA - A comunicação deve ser uma chave, não um problema.

Como seres sociais que somos, o relacionamento com o outro é sempre um desafio. E já parou para pensar que, dentro da área da comunicação, muitas vezes a falta dela é uma realidade? Interagimos nas redes sociais, somos bombardeados pelas notícias e muitas vezes nos perdemos neste mar de informação (e desinformação). O prato do momento: a Reforma da Previdência, um mundo cada vez mais doente, com índices alarmantes de várias doenças que surgem, inclusive, por causa das relações sociais, e a glamurização do sofrimento alheio vira capa de jornal.

Dos sensacionalistas que vivem em busca pela audiência a qualquer custo até líderes sem vocação, é triste ver a comunicação – que deveria ser esclarecedora tornar-se um problema quando não utilizada de forma ética. Marshall Rosenberg, psicólogo americano e autor do livro ‘Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais’, é uma grande referência na análise dessas situações. Mas o que será comunicação não-violenta… e como usá-la no jornalismo, nas empresas de comunicação… e na vida?

Obviamente não existe nenhuma receita de bolo ou fórmula mágica. Contudo, o velho e bom exercício de humildade e a técnica do falar menos ouvindo mais pode funcionar. Claro que isso é um desafio. Jornalistas e comunicadores são seres naturalmente muito falantes, que vivem na adrenalina, na ânsia pelo furo, na correria. Porém, isso não significa que para escrever uma matéria ou participar de uma palestra e/ou vender um produto, as pessoas precisem inflar seus egos o tempo todo.

A comunicação não-violenta tem como princípio ‘o falar e o ouvir com o coração’. É certo que todo trabalho é racional, exige planejamento. Mas, antes de lidar com audiência, estatísticas de redes sociais e resultados, estamos lidando com pessoas.

No contexto das redes sociais, aliás, a novidade do momento é o Instagram removendo a ‘função curtir’ para evitar a competição pelos ‘likes’. Há quem avalie de forma positiva – inclusive para a saúde mental das pessoas -, que em vez de concorrer por ‘likes’, talvez prestem atenção no conteúdo. De outro lado, os comentários também continuam sendo um parâmetro para análise de engajamento. Independente da situação, algo é certo: ser ouvido e ser visto é importante.

Precisamos, enquanto comunicadores, não reduzir nosso trabalho a uma simples caça de ‘likes’, métricas e audiências absurdas. Como diz o médico indiano Deepak Chopra, ‘a comunicação não-violenta conecta a alma das pessoas’. Como fazer para conectar a alma das pessoas com o nosso trabalho? Eis o desafio!

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Bruna Martins Oliveira é jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. É autora da monografia ‘O Transtorno Bipolar na perspectiva da mídia: uma análise do Paraná no Ar’. Tem experiência no jornalismo de rádio (Grupo Lumen de Comunicação), além de ter trabalhado como repórter freelancer na Secretaria do Esporte e do Turismo do Paraná e no jornal Gazeta do Povo.