Escolha bem onde deixar as marcas das suas digitais. Nem todos irão reconhecer a sua entrega; valorizar o seu ombro amigo; entender os seus motivos. Muitos estão mais preocupados com a sua vida, os seus interesses e pouco observam a dor de quem caminha ao lado. Essa falta de empatia não é de hoje, mas talvez esteja mais cristalizada nas pessoas nesse tempo, onde o “eu” prevalece sobre o “nós”, sem dó nem piedade.
Quem dera houvesse tempo para as pessoas acolherem mais, umas às outras; ouvirem com uma escuta ativa; demonstrarem interesse, sem pedir.
A vida é a costura de muitos capítulos. Um que não tenha sido feliz não define o final da história. Há momentos em que a gente se pega desejando deixar para trás o que não leva para frente. É difícil reconhecer e aceitar isso, mas não estamos aqui para sofrer. Então, que estranha mania essa de viver, que lamenta os finais infelizes e tem medo das novas possibilidades?
Pois, o segredo é aprender – com o tempo -, que mudanças podem ser bem-vindas e que recomeços nos impulsionam. Neste momento, algumas lembranças talvez possam morrer, mesmo sem querer, mas ainda ficarão muitas histórias para lembrar.
Confie no processo. Acredite que se a vida não fica mais fácil é chegado o momento de estarmos mais preparados para encontrar alternativas que até desconhecíamos em nós. Dor curada vira força! A gente acaba se abastecendo do resultado destas experiências doces ou amargas, pois é urgente cuidarmos mais de nós e de quem habita o nosso coração.
Vamos sempre colher as nossas escolhas, sejam boas ou não. Pensando nisso, cuide bem do jardim, para que as borboletas venham se encantar e quem sabe fazer morada. Como afirmou o escritor Alexandro Gruber, “depois que a gente aprende a se reconstruir não é qualquer tempestade que nos assusta”.
Se conseguirmos não nos entregar para a dor, ela perderá força, será somente aprendizado. Não deixará de ser sentida, mas não fará morada. Alugará o nosso coração por um tempo, mas sem reciprocidade logo partirá. Onde não existe amparo, nem a dor quer ficar. Ela pode até chegar, mas irá embora!
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Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.