ANÁLISE CRÍTICA - Informação e transparência: a importância de saber. Por Silmara Helena Pereira de Paula.

Nos estudos sobre comunicação é recorrente o alerta de especialistas sobre os riscos de utilizar-se informação e comunicação como sinônimos. Tanto na teoria quanto na prática. Isto porque é muito tentador aceitarmos que informar alguém sobre algo seja suficiente para gerar a ação ou resultados pretendidos. Não, nem sempre.

Comunicar-se com eficiência é um processo. Exige elaboração, execução e monitoramento de várias etapas/estratégias para gerar resultados. É bem diferente de informar. Ainda assim aos comunicadores e às comunicadoras cabe ressaltar: não menospreze o poder da informação. Ter acesso à informação é o primeiro passo para qualquer transformação pessoal, profissional ou social.

Quando aplicamos essa perspectiva à comunicação pública, o seu efeito ganha proporções capazes de amplificar de forma considerável o seu impacto sobre a sociedade. Trato aqui da comunicação pública como aquela desenvolvida no âmbito das instituições públicas governamentais com foco no atendimento às necessidades do cidadão. Portanto, trata-se de um conceito republicano de comunicação pautado no interesse público e na concepção de uma política de Estado.

Nesse contexto, a informação se torna eixo estratégico para construção do conhecimento, da transparência e da participação popular. Transforma-se em instrumento de fomento à reflexão e à superação das dificuldades de compreensão sobre o funcionamento da gestão pública em todos os seus níveis.

Observemos, a título de exemplo, a questão envolvendo o planejamento público a partir da discussão e aprovação das peças Orçamentárias – Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA).

Ainda que seja trabalhoso e complexo, é papel do comunicador público, principalmente no âmbito do Poder Legislativo, criar condições para que a população compreenda o método de planejamento orçamentário. Isso porque é nas Câmaras – Federal e Municipais – e nas Assembleias Legislativas – estaduais e distrital – que as peças orçamentárias são (ou deveriam ser) debatidas de maneira ampla e democrática.

E como fazer essa divulgação na prática?

Começando pelo básico: disponibilizando e dando destaque às peças orçamentárias nos meios de comunicação institucionais e
estabelecendo um cronograma de divulgação das etapas que envolvem a sua recepção, debate e aprovação na Casa Legislativa.

É suficiente? Óbvio que não! Mas saber que algo existe, é o primeiro passo para despertar curiosidade, questionamentos, aprendizado e participação.

Silmara Helena Pereira de Paula é jornalista formada pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atua na área desde 1994 e trabalha em comunicação pública desde 2003. É pós-graduada em Docência em Ensino Superior pelo SENAC-SP (2015) e em Filosofia e Autoconhecimento: uso pessoal e profissional pela PUC-RS (2021). Atualmente é assessora de imprensa concursada na Câmara Municipal de Arujá.