A ERA DA COMUNICAÇÃO IMEDIÁTICA - Vamos falar sobre microagressões nas empresas? Por Juliana Müller.

Ora, Juliana, branca, heterossexual, descendência alemã…. Não faz sentido algum…

Talvez não, mas este espaço é uma reflexão daquilo que tenho observado dentro das empresas.

Ouvi uma palestra (“casualmente” no mês do orgulho LGBTQIA+) sobre um assunto não tão abordado que são as microagressões. E aquilo me despertou um gatilho interno de tantos erros que muitos, inclusive eu, estão cometendo.

Vamos do começo: microagressões são todas aquelas falas que, implicitamente, soam preconceituosas. Eu diria, desnecessárias. Segundo o artigo científico universitário da Bárbara Silva e Silva, publicado no site do Instituto Ânima, “Microagressões são definidas como interações onde ocorrem injúrias breves e clichês, que podem ser verbais, comportamentais ou ambientais; de forma intencional ou não; que comunicam hostilidade, depreciação ou desrespeito contra membros de um grupo oprimido, sendo geralmente percebidos como agressões apenas pelas vítimas”.

Faça um teste você mesmo… quando está em frente a uma linda mulher, com mais de 50 anos, a sua reação (ou de alguém perto) foi fazer um “elogio” do tipo: para uma mulher da sua idade, você está muito bem.

NÃO. Absolutamente, não faça mais isso. Por acaso a mulher, por ter mais de 50 anos, ou ser negra, até mesmo branca com o cabelo azul não pode ser só “uma mulher bonita”, sem esses adendos agressivos? Acho que assim fica mais claro explicar esse conceito. Mesmo sendo gay, você é muito legal… ah, tá. Não precisamos mais disso.

Segunda pauta, pensando no lado corporativo: o que as empresas estão fazendo para sanar esse tipo de situação, bastante constrangedora, para quem está tentando ser “incluído” como grupo de diversidade? Sua empresa aplica a (re)educação linguística?

O processo de educação linguística nas organizações vai muito além de aprender a “falar corretamente”. Não se trata, necessariamente, do certo e errado, estamos falando de PESSOAS. As chamadas palavras-gatilho estão no inconsciente e são acionadas de acordo com as vivências, crenças e conceitos de cada um… e é isso que precisa ser revisto. Cuide primeiro dos valores, depois acione um bom profissional para educar o seu público interno a não cometer (não tampouco a vítima a aceitar) esses pequenos “deslizes” que ferem os colegas.

Dá para começar hoje mesmo, o Google está aí para isso. Pesquise microagressões e gatilhos mentais. Além de muito artigo bacana, vai direcionar para vídeos didáticos e ainda dar umas ideias para você sugerir um trabalho legal para o seu RH. Só de evitar alguns termos, já é um início de inclusão real, não dá boca para fora.

Como falei lá no começo, meu papel aqui é refletir… e colocar aquela pulga atrás da orelha que dá vontade de se coçar para pedir ajuda ao RH. A gente fala daquilo que o coração está cheio, encha de amor.

Referência do artigo.

Juliana Müller é relações-públicas, presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas e trabalha na área de eventos na Johnson & Johnson. É uma defensora dos eventos corporativos como ferramenta de comunicação estratégica.