TV por assinatura avança mas não o suficiente para livrar o brasileiro do baixo nível da TV aberta.

Quem surgiu primeiro? O ovo ou a galinha?

Os criacionistas cravarão a segunda opção mas a grande maioria, nesta enquete, ficaria na indecisão…

Não está gostando? Muda de canal!

Violência, baixos instintos, lições de tortura, terrorismo e vício estão cada vez mais ocupando a tela – do cinema e do vídeo doméstico.

A USP conduziu, na década de 1990, uma singela pesquisa que contabilizou quantos impropérios, socos, tiros, chantagens e cenas de tráfico se assistia por semana, em média, na TV aberta do Brasil. Os números já eram assustadores.

O OCI não vai abordar a questão da anterioridade que iniciou este Clipping, sugerindo a questão de “o quê veio antes”? A violência das ruas, das pessoas, das organizações ou aquela retratada nos media? Não.

Este OCI apenas ressalta – com a matéria “clipada” – a falácia do argumento “não está gostando, muda de canal” daqueles que se negam à regulação – qualquer uma – do que vai por antenas, cabos e bytes aos lares brasileiros.

De acordo com a matéria publicada em 14 último (jornal O Globo, seção Digital & Mídia, P. 20), a “TV paga atinge 56 milhões de brasileiros – crescimento de 12% em um ano, com mais 17,9 milhões de acessos no país”.

Mas…

… voltamos a uma questão capciosa como a do início: “o copo está meio-cheio ou meio-vazio”? Para os defensores do status quo da mídia (ou seja, com marco regulatório caminhando para 52 anos de velho), está meio-cheio. Para este OCI, continua meio-vazio. E por várias razões, entre elas:

– o preço da TV por assinatura no Brasil é o mais caro do mundo, em dólar – assim, aliás, como o preço da mídia (impressa, radiofônica e televisiva), das tarifas de celulares e da banda larga (larga?) de internet;

– a prática do “gatonet” continua com sete vidas;

– comemorou-se a obrigatoriedade de 30 minutos diários de produções brasileiras por canal – o que é, em nossa opinião, um verdadeiro escândalo de subserviência às majors globais.

Com 17, 921 milhões de acessos (e considerando a média de 3,2 pessoas por domicílio – dado do IBGE), a matéria crava o número da manchete: 56,3 milhões de brasileiros. São Paulo tem 6,8 milhões de acessos; o Rio de Janeiro, 2,4 milhões; Minas Gerais, 1,4 milhão e Rio Grande do Sul, 1,1 milhão. Brasília tem 455 mil acessos; Pará, 301 mil; e Amazonas, 275 mil.

A TV aberta, segundo o mesmo IBGE (último censo, de 2010) está presente em 95% dos lares brasileiros (o Brasil é o único país em que os lares têm mais TVs que geladeiras), ou seja, estamos tratando de algo como um alcance a 190 milhões de pessoas – em uma população de mais de 200 milhões (em 29/08/2013 éramos exatos 201.032.714 habitantes).

Tirando do total os tais 56 milhões de habitantes “com-TV-por-assinatura”, como ficam os “outros” 134.000.000 de brasileiros para quem os “defensores-da-mídia-como-está” sugerem “mudar de canal”?