Há muitos e muitos anos li um livro sobre semântica escrito por S. I. Hayakawa – “A linguagem no pensamento e na ação: como os homens usam as palavras e como as palavras usam os homens”.
O primeiro livro de Hayakawa, “Language in action”, publicado em 1941, foi uma resposta aos perigos da propaganda usada com êxito por Hitler, que persuadiu milhões a aceitarem seus pontos de vista destrutivos e desequilibrados. Hayakawa tinha a convicção de que precisamos ter uma atitude crítica em relação à linguagem para o nosso próprio bem e para que possamos tornar-nos cidadãos conscientes.
Nossa liberdade política depende de não aceitarmos o que dizem políticos, “celebridades”, jornalistas e “formadores de opinião” inescrupulosos, eloquentes e demagógicos que repetem – como papagaios -, mentiras, hoje chamadas “narrativas”, e palavras de ordem criadas por marqueteiros pagos regiamente com dinheiro roubado da população. Nada mais atual no mundo.
Para Hayakawa, as palavras são avaliações. A maneira pela qual pensamos está indissoluvelmente ligada à maneira pela qual escrevemos e falamos. Afinal, pensamos com palavras.
No livro li um aforismo de Confúcio que me influenciou para o resto da vida. Confúcio, todos sabem, criou um sistema filosófico. Ele nasceu na China em 551 a. C. (antes de Cristo!) no período das Primaveras e Outonos. Seus princípios apoiavam-se nas milenares tradições e crenças chinesas comuns, que consistiam em lealdade, veneração dos ancestrais, respeito aos idosos e à família; justiça, veracidade, ética e honestidade.
Exatamente o oposto do que foi colocado em prática pelo partido comunista, fundado na China em 1921, e que em 1o. de outubro de 1949 estabeleceu a República Popular da China. O Partido Comunista Chinês, partido único, controla as forças armadas (o Exército de Libertação Popular – ELP), e domina brutalmente a China e grande parte do mundo atual. Hoje conta com um forte concorrente: o globalismo, que atua com os comunistas do resto do mundo.
Confúcio ensinou: “Quando as palavras perdem o seu significado, as pessoas perdem a sua liberdade”.
Aforismo:
Ch’en K’ang perguntou a Poyu (filho único de Confúcio):
– Há alguma coisa de especial que tenhas aprendido com teu pai?
Poyu respondeu:
– Não. Certo dia meu pai perguntou-me: “Já estudaste poesia?”. Respondi-lhe: “Não, ainda não”. Ele disse: “Se não estudares poesia, tua linguagem jamais será polida”. Assim, dediquei-me ao estudo da poesia.
Outro dia encontrava-se ele sozinho quando passei pelo pátio. Ele me disse:
“Já estudaste o cerimonial?”. Respondi-lhe: “Ainda não”. Ele disse: “Se não estudares o cerimonial, não terás um guia para a tua conduta”. E eu me consagrei ao estudo do ceremonial. Ele me ensinou a estudar essas duas disciplinas.
Ch’en K’ang despediu-se satisfeito: “Fiz-lhe uma pergunta e aprendi três coisas: aprendi o que Confúcio pensava sobre poesia; aprendi o que ele disse sobre o cerimonial. E aprendi que o Mestre ensinava seu próprio filho do mesmo modo que ensinava seus discípulos”.
Graças a esse aforismo criei o hábito de ler pelo menos uma poesia todos os dias, alem de procurar ter sempre boas maneiras, porque assim a vida se torna bem mais agradável para todos.
Lucia Sweet.
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P. S.: Hayakawa, linguista, psicólogo, semântico, professor e escritor, americano nascido no Canadá, de origem japonesa, foi Reitor da Universidade de São Francisco e depois senador pela Califórnia, primeiro como democrata, depois como republicano.
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Imagem: semântica (em chinês simplificado) – Google Translate.