Responsabilidade social corporativa: Vale? Por Juliane Duarte Camara.

Escolhi Relações Públicas como profissão por definitivamente acreditar que empresas, governo e cidadãos devem (e podem) convergir interesses para vivermos em uma sociedade minimamente mais próspera e sustentável.

Uma tríade óbvia, mas nada trivial! A balança pende quando o resultado através do lucro é o predominantemente perseguido. Talvez, essa seja uma das grandes críticas que venho respondendo ao defender minha visão pacifista (porém, conflituosa) da profissão. E tragédias como as protagonizadas pela Vale na região de Mariana-MG e Brumadinho-MG podem fazer com que o trabalho de RP e Responsabilidade Social Corporativa beire o descrédito.

Porém, são esses irreversíveis e dolorosos casos que evidenciam o quanto ainda temos que trabalhar para que empresas e, claro, governo, introjetem um olhar socialmente, ambientalmente e economicamente responsável em sua cultura e, especialmente, em suas ações.

Há outras formas de resultado que as organizações estão olhando com mais atenção… tais como confiança, reputação e legitimidade. Mas, o ‘ROI’ e a tangibilidade desses atributos ainda não são tão persuasivas quanto a exatidão de números azuis.

A 18a. edição da pesquisa ‘Edelman Trust Barometer’, publicada em 2018 pela Edelman, Agência Global de Relações Públicas, mostra que 62% dos entrevistados brasileiros acreditam que empresas que só pensam em si próprias e nos seus lucros estão fadadas ao fracasso.

Os dados globais da recém-publicada edição de 2019 sugerem que a sociedade clama por mudanças urgentes nos negócios e na distribuição de informação, valorizando lideranças mais transparentes e engajadas socialmente.

Muitas organizações já se deram conta de que, mais do que entender sobre números, é necessário entender sobre valores sociais e expectativas pessoais. Os negócios têm sido impactados pela complexa dinâmica social além do que as pesquisas de opinião tendem a detectar. Nesse cenário, analistas de B.I. em conjunto com comunicadores e cientistas sociais têm tornado as equipes de gestão cada vez mais diversas e interdisciplinares.

A pergunta a ser respondida não é sobre o que as empresas esperam do mercado, mas, também, sobre o que a sociedade (é daí que se origina o mercado) espera das organizações. E mais que atender às expectativas sociais, o grande valor é a capacidade de não frustrá-las!

Se você se interessa pelo tema, mas não sabe nem por onde começar, trago boas notícias: há muitos profissionais (inclusive na própria organização que você trabalha pode ter alguém ávido por mais autonomia para pautar responsabilidade social), acadêmicos e entidades que estão preparados para orientar diversos perfis de organizações para a responsabilidade social de seus negócios.

Inicialmente, sugiro a leitura do Guia dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para as Empresas, adaptado pela Rede Brasileira do Pacto Global (ONU 2030), Global Report Initiative (GRI) e Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

Também, como sempre, fico à disposição para uma conversa sobre o tema (duarte.juliane@gmail.com | skype: duarte.juliane).

Com senso de responsabilidade… sigamos!

Imagem: Washington Alves / Reuters.

Originalmente publicado no LinkedIn em 27 de janeiro de 2019.

Juliane Duarte Camara é relações-públicas e mestre em Comunicação pela USP. Trabalha com a potência da comunicação corporativa e da gestão dos relacionamentos multistakeholders para catalisar transformações sociais e o desenvolvimento sustentável.