Práticas de ESG na incubação das 'startups' agregam valor - e como as Relações Públicas podem contribuir para reconhecimento e captação de investimentos. Por Érica Bassi.

ESG é uma questão global com impacto local. Sob essa bandeira, estrelas em ascensão da tríade Ambiental-Social-Governança foram reconhecidas em uma cerimônia na Cúpula Mundial de Incubação – World Incubation Summit (WIS 2023) no mês de maio, em Ghent, na Bélgica. E serão apresentadas em um relatório independente sobre essa temática e o papel que as startups desempenham na abordagem dos desafios sociais, culturais e ambientais mais urgentes do mundo, que será lançado no final do ano pela UBI Global, entidade sueca responsável pelo World Benchmarking Study.

Como você se comporta como uma organização em sua comunidade, como você atende essa comunidade e apoia aqueles ao seu redor são itens importantes, e esses devem ser os KPIs ESG para cada incubadora, questões que vieram para ficar e que vão crescendo em importância.

Reconhecimento da UBI Global: Comunidade Internacional de Incubação de Negócios

O Parque Tecnológico de São José dos Campos, por meio do Nexus, foi elencado entre as 5 melhores incubadoras do mundo pela UBI Global.

Segundo a direção do Nexus, o objetivo agora é olhar os resultados e ver o que precisa ser melhorado. Este reconhecimento gera um dashboard de pontos positivos e pontos a melhorar, por meio de uma análise comparativa com outros mecanismos. Isso é fundamental para o nosso planejamento. Só com uma avaliação contínua e aprimoramento de processos podemos melhorar os nossos resultados.

Nesse aspecto, trabalhar ESG é fundamental. Estamos olhando ODS das startups e empresas e qual o impacto que elas trazem para o ecossistema, por meio de resultados como diversidade e inclusão. Um exemplo de como o Parque e o Nexus estão fazendo a sua parte é o Empreend’Elas, programa que criamos com o objetivo de estimular o empreendedorismo feminino e aumentar o número de startups lideradas por mulheres nos processos seletivos do Nexus, por meio de eventos, debates, geração de conteúdo e interações com o público feminino que busca empreender.

Resiliência “Cabras de Montanha”: 63% dos participantes do Nexus Growth obtiveram sucesso em desenvolver produto ou serviço e colocá-lo no mercado.

O principal desafio para uma startup é obter quatro coisas essenciais para a sua sobrevivência: acesso, recursos, participação e engajamento do time. Isso faz com que ela possa validar a sua proposta de valor.

Relações com Investidores

Segundo declarações de Sérgio Sério Filho, gerente executivo de Relações com Investidores na TOTVS, “boa relação com a comunidade gera venda e engajamento. Quando a empresa avança para entender, à medida que aproxima associações, comunidades, terceiro setor e estabelece uma estratégia conjunta de comunicação que gera valor, potencializa a construção de imagem”.

Os investidores seguem tudo nas redes sociais. Se tiver dissonância na comunicação da mensagem passada, se for diferente, causa problema. É importante adaptar a comunicação sem sair do discurso construído.

Relações Públicas: uma área que está contribuindo para maximizar a mensagem de relacionamento com o investidor nas relações institucionais, governamentais e sustentabilidade. Para ter-se alinhamento e estar embaixo da mesma estrutura, controle e narrativa independente de adaptar a linguagem. Quanto mais regulada for a empresa e o setor, mais sentido faz essas áreas estarem juntas. O posicionamento é uniforme. O que muda é a narrativa. E as Relações Públicas vão ajudar a trabalhar essa mensagem”.

Medir Impactos Sociais: qual métrica?

Segundo relatos de Ana Lúcia Frezatti Santiago, coordenadora da Voconiq para a América Latina e PhD em Licença Social para Operar (LSO), “Enquanto as métricas de governança e ambiental são bem conhecidas, as sociais ainda carecem de parâmetros a serem traçados. Criar e manter bons relacionamentos com a comunidade constitui uma razão importante para medir esse impacto”. E para tal fim, o Banco Mundial sugere:

  • Captura de impactos positivos por parte das comunidades afetadas pelo projeto;
  • Redução do risco de desacordos e interrupções operacionais (redução de conflitos);
  • Garantia de que as comunidades compartilhem os benefícios do desenvolvimento dos negócios.

Como demonstrar essa materialidade?

Medir a confiança e a aceitação da comunidade através de vozes locais, monitorando riscos de forma demográfica e confidencial.

Não é fácil se comparar e encontrar operações comparáveis. No entanto, o que começamos com a nova seção de pesquisa ESG no UBI World Benchmark Study 2021-2022 será uma ferramenta útil para incubadoras e aceleradoras para ver o que outras pessoas estão fazendo neste espaço agora e no futuro, segundo a Setsquared, incubadora de negócios do Reino Unido.

Érica Bassi, relações-públicas, foi delegada do Conrerp2 no Vale do Paraíba (Gestão Transparência 2019 – 2021), e é atual conselheira na Gestão Somando Forças 2022 – 2025. Já passou por mídia, atendimento, redação e tráfego em agência de propaganda. Atuou também com relações comunitárias no poder público, em associação de moradores. Busca um lugar ao Sol inicialmente empreendendo como MEI em Relações Públicas. Acredita no potencial da Comunicação Institucional e defende um lugar nas mesas de debate sobre Inovação e Tecnologia diante da importante contribuição da área de RP para a ampliação do potencial empreendedor brasileiro, tanto regional como nacionalmente.