O que você agradeceu hoje? Por Marina Boldrim e Marcos Brancalion.

Pergunta breve, direta e um tanto incômoda:

– Você já parou para pensar na quantidade de vezes que reclamamos ao longo do dia? Se sim, você vai reparar que, de maneira geral, o repertório é amplo: reclamamos em momentos diversos… do frio, do calor, da chuva, do trânsito, do metrô lotado, das pessoas, da crise, da política, do trabalho. Do universo. Como se fatores externos diversos conspirassem contra nós e a favor de alguns poucos e seletos sortudos.

Os outros – que julgamos ter sucesso – se transformam em nossa régua de medida e, ao nos compararmos, acreditamos que não somos ou não temos o suficiente.

Queremos um trabalho, uma casa ou um carro melhor; queremos ser mais magros ou mais malhados para nos adequarmos a um padrão de beleza. São tantas as aspirações e insatisfações com a realidade que comumente optamos por ver o copo sob a ótica de meio-vazio em vez de meio-cheio, queixando-nos do que falta em vez de agradecer pelo que já temos ou já somos. Mas e se a gratidão fosse justamente o antídoto de que precisamos?

Além de impactos físicos e sociais em nosso cotidiano – como melhor qualidade de sono e menor isolamento, por exemplo –, a neurociência explica que, de fato, a gratidão ativa um sistema de recompensa do cérebro e traz uma sensação de bem estar. Isso se dá na medida em que reduzimos tanto a necessidade de ter controle sobre todas as situações e pessoas, como a crença limitante de que para sermos felizes tudo deve sair absolutamente de acordo com o nosso desejo. Dessa maneira, passamos a lidar melhor com situações diversas e adversas, aceitando o que não pode ser mudado sem engrandecer sentimentos negativos, tais como frustração, mágoa e inveja.

Perceber o copo como meio-cheio e manter o otimismo é algo que exige uma escolha individual diária, a qual pode ser estimulada por auto-avaliação, empoderamento, protagonismo e uma rotina de gratidão. Há uma infinidade de caminhos para cumprir este propósito e a seguir sugerimos alguns deles:

– Seja generoso com você e com o próximo. Pratique a empatia, não seja tão duro em seus julgamentos e, se possível, realize algum trabalho voluntário;

– Livre-se do passado, viva o presente e perdoe. Aprenda com os seus erros e os erros alheios, não fique remoendo situações antigas;

– Cuide do seu corpo e da sua alma. Tenha uma alimentação sem excessos, pratique exercícios e conecte-se com seu lado espiritual;

– Incorpore ou enfatize palavras positivas. Troque a reclamação por palavras otimistas e habitue-se a repeti-las;

– Escreva um diário ou uma lista de razões para ser grato. Crie o hábito de refletir sobre tudo de positivo que tem acontecido em sua vida.

Lembre-se de que a mudança que você espera pode ser apenas uma questão de perspectiva.

Ilustração: Ewerton de Campos Silva.

Marina Boldrim é publicitária (USP) e especialista em Gestão de Comunicação e Marketing (USP) & Marketing Intelligence (Universidade NOVA de Lisboa). Atua na área de business intelligence e se interessa por temas de performance e comportamento. Contato: marina.boldrim@gmail.com

Marcos Rallo Brancalion é matemático (UNIP), pedagogo (FACON), especialista em docência no Ensino Superior (FMU) e em Deficiência Intelectual (FACON). Atua como professor de ensino fundamental II, palestrante e coach.