Entendimento que inspira. Por Ana Negreiros.

Duas crianças brincavam no pátio da escola. De repente, as gargalhadas foram pausadas por olhares entrelaçados. A cara assustada entregava: algo estava errado. Era verdade! Eles cometeram um erro.

Os dois meninos, de uns nove anos cada, rapidamente pegaram a mochila e foram para suas casas. Eram vizinhos. Moisés, apressadamente, entrou em casa chamando pela mãe que, pacientemente, pediu que ele respirasse. Ele contou o que havia ocorrido. A bola de pingue-pongue foi batida com muita força e caiu na área da capela quebrando um objeto.

Ao ouvir o relato do filho, a mãe perguntou como tinha sido, o que ele aprendeu com a situação e explicou o motivo pelo qual a bola fez aquele trajeto. Olhando nos olhos do filho perguntou o que deveriam fazer. Ele disse que ia tomar um banho para, depois, irem até a escola informar o ocorrido e arcar com o feito. E anotar os erros para não repetir. A mãe confirmou com o olhar e o abraçou.

No dia seguinte, o outro menino passou por Moisés e não cumprimentou. Virou o rosto. Após uma semana ele procurou o amigo e questionou o silêncio. Mário respondeu que havia sido colocado de castigo porque a escola chamou seus pais para saber do episódio da capela. Só que os pais não sabiam do fato. Ele havia escondido. Moisés quis saber o porquê da decisão de não contar. Ele disse que na sua casa ninguém conversava, apenas respondia às perguntas quando feitas.

A história de Moisés e Mário demonstra a importância da comunicação e pode ser comparada ao processo de liderança. Quando o líder conversa com o liderado e a comunicação é utilizada estrategicamente para estabelecer vínculos e confiança, o clima será agradável e passará segurança. Os valores serão reforçados e bases como transparência e verdade farão parte da rotina do trabalho. Quando não há diálogo e confiança, o líder poderá ser o último a saber ou os fatos poderão ser manipulados na hora de contar.

Um líder que só critica, transforma o ambiente em um local inseguro e poderá até ter sucesso por algum tempo, mas logo os resultados começarão a cair, uma vez que as pessoas não suportam viver em um ambiente tóxico, com medo. Líderes sarcásticos geralmente estão fadados a destruir pessoas ao invés de as desenvolver. E essa ‘metodologia’ faz com que a verdade fique escondida, por medo. Quando a verdade, enfim, aparece, geralmente não há tempo hábil para corrigir os problemas ocasionados.

Em um ambiente em que todos conversam e os fatos, sejam eles positivos ou negativos, são sempre comunicados, incluindo todos no processo, a organização torna-se responsabilidade compartilhada e não apenas do gestor. Atualmente, é impossível ser líder sem se comunicar. Apenas com a comunicação haverá entendimento.

Um líder comunicador consegue vencer obstáculos e fazer do ambiente de trabalho o mais agradável possível. Como um maestro, a sua forma de conduzir irá inspirar todos os outros e será disseminada por toda empresa. Como diz a sabedoria popular: ‘todo liderado é reflexo do seu líder’.

Ana Negreiros é comunicóloga, especialista em narrativas corporativas, gestão de imagem e reputação, posicionamento estratégico.