Além da censura: a importância da regulamentação da Inteligência Artificial no contexto eleitoral.

Recebi centenas de mensagens e e-mails a respeito de um artigo no qual defendi abertamente a regulamentação da IA no Brasil, especialmente para proteger o processo eleitoral, e mostrei as diversas iniciativas no planeta que seguiram este pensamento. A esmagadora maioria entende regulamentação como censura ou manutenção do status quo. Sou diametralmente contrário a este pensamento.

Acredito, inclusive, que uma regulamentação clara depende da participação das forças vivas da sociedade; governos, parlamentares, profissionais do mercado de marketing e comunicação, profissionais de TI, e demais interessados, inclusive criando um contraponto com posturas que beiram contornos antidemocráticos.

A evolução da inteligência artificial trouxe uma série de desafios e questionamentos éticos que demandam ações regulatórias adequadas, inclusive no contexto eleitoral.

Neste artigo, exploro como a regulamentação da IA é fundamental para garantir sua utilização segura, ética e responsável nas eleições, protegendo a sociedade de potenciais riscos, ao mesmo tempo em que se promove a transparência, a equidade e a integridade do processo eleitoral.

A IA tem progredido rapidamente e trazido avanços notáveis em diversas áreas. Sistemas de votação eletrônica e análises de dados para prever tendências do eleitorado são apenas alguns exemplos de como a IA está transformando a forma como as eleições são conduzidas. Esses avanços têm o potencial de melhorar a eficiência, a precisão e a participação democrática.

Contudo, o uso da IA no contexto eleitoral também apresenta desafios éticos significativos. A manipulação de dados, a privacidade, a disseminação de desinformação e a influência algorítmica são questões que podem comprometer a integridade do processo eleitoral. A falta de transparência nas decisões tomadas pelos algoritmos pode gerar desconfiança e minar a credibilidade do eleitorado no sistema.

Diante desses desafios, a regulamentação da IA no contexto eleitoral torna-se necessária. Seu objetivo não é restringir o debate político ou limitar o progresso tecnológico, mas estabelecer diretrizes claras e princípios éticos para o uso da IA nas eleições. A regulamentação busca proteger a transparência, a equidade, a privacidade e a confiabilidade do processo eleitoral, assegurando a participação informada dos cidadãos e a integridade dos resultados.

Uma regulamentação deve buscar estabelecer padrões éticos, transparência nas práticas de IA e mecanismos de prestação de contas, promovendo confiança e legitimidade aos processos. Ela pode garantir a transparência das práticas algorítmicas, exigindo a divulgação dos critérios e processos utilizados para a tomada de decisões. Além disso, a regulamentação pode promover a proteção dos dados dos eleitores, prevenir a disseminação de desinformação e assegurar igualdade de oportunidades para todos os candidatos.

A elaboração de regulamentações eficazes para a IA – também no contexto eleitoral – requer uma colaboração estreita entre governos, especialistas em tecnologia, órgãos eleitorais e sociedade civil. A cooperação entre esses atores é essencial para definir diretrizes claras, criar mecanismos de fiscalização eficazes e promover a educação sobre os riscos e benefícios da IA em eleições. Somente por meio dessa colaboração é possível desenvolver políticas que garantam a proteção dos direitos da cidadania.

Finalizando, a regulamentação da inteligência artificial no contexto eleitoral desempenha um papel crucial na garantia de eleições justas, transparentes e confiáveis.

Marcelo Senise é sócio-fundador da Comunica 360º, sociólogo e marqueteiro, especialista em comportamento humano, sistemas emergentes, Big Data e Inteligência Artificial