A crise do coronavírus como oportunidade estratégica para profissionais de comunicação organizacional.

Com certeza, esta pandemia mundial com jeito de influenza mas, com capacidade de contágio mais elevada que as gripes comuns, não tem nada de positivo e está impactando negativamente a economia mundial. Mas, como qualquer situação de crise, pode ser utilizada pelos profissionais de comunicação corporativa como uma chance de demonstrarem – nas empresas – as suas habilidades estratégicas ao invés das apenas ‘operacionais’ com a produção e divulgação de conteúdo sobre o assunto.

Numa empresa em que a comunicação é vista apenas como a ‘ponta’ da linha de produção da informação, as notícias virão já prontas e restará apenas ao analista de comunicação redigir, colocar nos murais, nas TVs internas, nos informativos, e aguardar as perguntas que virão, em seguida, dos trabalhadores.

Naquelas organizações nas quais o profissional trabalha alinhado à direção, o fluxo já começa diferente; a equipe de comunicação chega primeiro com sugestões de como o assunto deveria ser abordado. Como jornalistas ou relações-públicas, estas pessoas têm clareza e estão atentas às necessidades dos colegas, ajudando a direção a definir quais ações precisam ser imediatamente divulgadas. Outras iniciativas podem vir em desdobramentos posteriores e ainda existem aquelas que devem ser evitadas para não provocar ruídos na comunicação da mensagem. O fundamental é promover o ambiente de confiança que colabora para o engajamento dos funcionários.

Segundo artigo sobre gestão de crises escrito por Martin Reeves e Nikolaus Lang, e publicado pelo Harvard Business Review (HBR), intitulado ‘Como conduzir a empresa frente à crise do Coronavírus’, as instituições precisam se preparar em diferentes frentes e usar a comunicação como ferramenta ativa, informando seus funcionários com frequência, para reduzir a ansiedade e dar o cenário completo do que está sendo feito. As organizações devem até mesmo reforçar as notícias que todos já sabem, mas querem ouvir da empresa em que trabalham quais as medidas que estão sendo tomadas.

Hoje, abordamos esta pandemia como um exemplo atual, porém, as crises são rotina nas organizações e a equipe de comunicação pode usar este exemplo para mostrar a sua efetividade em montar estratégias de comunicação em conjunto com os decisores, não apenas na operacionalização do envio das notícias. ‘Quando a parte mais emergencial da crise for ultrapassada, as empresas devem considerar o que essa crise fez mudar e o que aprenderam, para que, então, isso se reflita em seus projetos’, concluem os autores do artigo.

Deborah Sousa é jornalista formada e especialista com MBA em Gestão da Comunicação Organizacional.