"Os partidos políticos perderam o monopólio da representação". E daí?

A frase de efeito apareceu em um texto dos deputados do PSOL/RJ, Chico Alencar (federal) e Marcelo Freixo (estadual), publicado na página de Opinião do jornal O Globo de 13/10/2013.

E daí? Será que os partidos políticos em algum momento da história tiveram tal monopólio no Brasil? Penso que não. A maturidade política do brasileiro é algo diretamente proporcional ao seu nível de cidadania, ou, pelo menos, à sua noção do que seja cidadania. E nesses termos, convenhamos, pouco evoluímos. Continuamos a votar em pessoas, a desconhecer partidos e sua razão de existir – as propostas programático-ideológicas.

Na prática corrente de “coalizão” para governar vale de tudo. Ferrenhos defensores do Estado afrouxam os controles. E guardiões da livre iniciativa candidatam-se a “campeões”, abençoados por quem detenha as canetas.

– Às favas com os escrúpulos de consciência!

– Primeiro, os meus!

E o loteamento do tempo político-eleitoral nos media – que aponta 12 minutos para o PT, 4 para o PSDB e 2 para o PSB – passa a ser o verdadeiro motivo de batalha. Que venham os apoios! Que venham os milhões de reais! A conta? Acertamos “no governo”.

Justamente porque a mídia assume lugar tão importante no debate político-institucional do país – e não só em seu papel de veículo, mas também como “lugar” de interesses – é que o OCI deve focar sua análise, sua reflexão e sua crítica ao discurso das agremiações partidárias.

Marketing: a voz desses segmentos, clara ou veladamente a serviço de interesses nem sempre conhecidos, é o substrato com o qual lidará a propaganda na formulação da mensagem “mercadológica” que tem seu fim neste inescapável processo de troca: convenço-o, e você me retribui com seu voto.

E depois? Me esqueça!

Como se comunicarão institucionalmente com o eleitor os partidos políticos neste um ano de campanha? Qual será o nível de transparência? Isto, o OCI quer saber.

 

 

 

Sobre Marcondes Neto

Bacharel em Relações Públicas pelo IPCS/UERJ. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, sob a orientação de Margarida Kunsch. Professor e pesquisador da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ. Editor do website rrpp.com.br. Secretário-geral do Conrerp / 1a. Região (2010-2012).