PAPO DE TERÇA - O que a sua marca tem a ver com visibilidade trans? Por Nathália Corrêa.

Em comemoração ao mês da visibilidade trans, muitos comerciais e ações em diferentes meios são realizadas pelas marcas. E a partir daí, surge a questão: será que essas marcas possuem políticas internas que incluem o público trans nas suas equipes ou estão apenas ‘botando a cara no Sol’ de maneira oportunista?

A visibilidade trans tem como data oficial o dia 29 de janeiro. Essa data foi estabelecida porque há 16 anos, no ano de 2004, a pauta ‘Travesti e Respeito’ foi defendida no Congresso Nacional. Desse tempo para cá, infelizmente, a exclusão dessas pessoas ainda é verificada na sociedade, seja pela falta de oportunidade de vagas oferecidas pelas empresas, seja pela falta de representatividade realizada pelas marcas.

A facilidade de acesso às redes sociais deu mais visibilidade às minorias e pluralizou vozes trans e apoio à luta por direitos iguais. A equipe de agências, jornais ou empresas de diferentes ramos ainda está engatinhando lentamente para a inclusão da diversidade. Um estudo realizado pelo Diversity Matters, da consultoria McKinsey, aponta que ‘empresas cujas equipes prezam pela diversidade possuem desempenho 57% melhores do que a indústria em geral’.

Então, volto a perguntar: o que a sua marca tem a ver com a visibilidade trans? Tudo, pois o seu consumidor parte do princípio de que ‘sou representado, logo, existo’. O comportamento de compras vem modificando ao longo dos tempos e muitas pessoas estão optando por marcas que abraçam os mesmos propósitos que elas. Portanto, enxergar a diversidade, incluir e entender esse novo padrão de consumo, são requisitos fundamentais para sobreviver no mercado.

Veja 5 maneiras para você e sua marca aprenderem a melhorar o relacionamento com as pessoas trans!

1. Mude sua visão

Nosso cérebro está condicionado a categorizar as coisas dentro de conceitos que foram socialmente impostos. Por exemplo: quando nos deparamos com uma pessoa na rua, precisamos de traços que nos façam defini-la como “menino ou menina”. Aprenda multiplicar a sua visão, olhar sem curiosidade e permitir que a pessoa se apresente da maneira como ela se identifica. Esse exemplo se estende para a liberdade de escolha de qual banheiro público a pessoa deseja utilizar. Uma situação desagradável que a população trans ainda enfrenta por conta das reações preconceituosas.

2. Compartilhe sua visão com a equipe

A partir do momento que você educou a sua visão para incluir o público trans, é preciso treinar a sua equipe para fazer o mesmo. Afinal, uma marca é construída pelas pessoas que trabalham nela e sua voz pelas atitudes dessas pessoas.

3. Inclua e dê voz para trans na empresa

Promover a inclusão não significa inserir, de qualquer maneira, uma pessoa trans apenas para dizer que pratica a diversidade. É preciso que, além do processo de integração com a equipe, você também valorize as habilidades desse profissional em áreas como criação e comunicação. Afinal, para uma campanha falar com o público trans ela precisa ser criada por quem compreende as dores e anseios desse público, não é mesmo?

4. Quebre estereótipos

Nas campanhas publicitárias, incluindo pessoas trans e travestis, naturalizando a presença delas para que a comunicação seja representativa. No dia a dia da empresa comece respeitando o nome, gênero e o uso dos pronomes, da maneira como a pessoa se identifica, em crachás, e-mails, cartão de visita e na comunicação oral entre os colaboradores.

5. Seja o exemplo

Muitas pessoas irão dizer que as marcas não vão mudar (e muitas nem têm interesse) o mundo. Mas elas podem e devem colocar o dedo na ferida e ajudar a minimizar as diferenças sociais com ações inclusivas, casando seus interesses com os interesses de seus consumidores. Começar é o primeiro passo para ser o exemplo.

Essas são algumas atitudes para quem deseja quebrar padrões ultrapassados, promover um refresh na comunicação da sua marca começando pelo propósito e não apenas pelo exercício de fazer algo por fazer. Abrir oportunidades para outras pessoas é uma maneira de somar novas ideias e inovar a sua marca. Desse jeito, os dois lados ganham e a sociedade mais ainda!

Para inspirar ações de visibilidade trans, assista abaixo o clipe da música ‘Não recomendado’, do Caio Prado!

Imagem: Jorge Saavedra por Unsplash

Nathália Corrêa é bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e tem MBA em Marketing Digital. Atua na gerência de marketing e mídias sociais.