NOVA COLUNISTA: Andrea Nakane - Imagem: percepção real no imaginário social.

Nos últimos tempos, estamos acompanhando uma verdadeira e profunda desconstrução de imagens, desde a relacionada ao próprio país, a de empresas, de governos e até mesmo de indivíduos.

Não podemos considerar que há uma única imagem perfeita, até porque a mesma é consolidada sobretudo pela identidade e atitudes e, por isso mesmo, cada uma é única e singular. Pode-se até inspirar-se, ter referências, mas é uma formatação ímpar.

É importante em um primeiro momento de reflexão, contextualizar o que seja imagem, já que as interpretações podem gerar inconclusões e até mesmo distorções de compreensão.

Por imagem, analisa-se de forma muito objetiva que é o que está na mente das pessoas, inserindo-a em uma cadeia de valores e propósitos, ora individual, ora coletivo.

Essa percepção representativa traduz-se como um conjunto de signos gerados pela própria sociedade e tem sua afirmação por meio do relacionamento existente entre os envolvidos. Ou seja, é um processo real de comunicação, dinâmico e unificado, por isso, requer profissionais qualificados que gerenciem e estimulem tais resultados.

A naturalidade e autenticidade são elementos cruciais demandados para a conversão de imagens sólidas e admiráveis, mas é necessário que possam ser apresentadas de forma sistematizada aos seus interlocutores. Não podemos nos valer que organicamente isso ocorrerá.

Hoje, todos ao estarem conectados tornam-se difusores de conteúdo, alguns com originalidade, outros passivamente são reprodutores fiéis do que recebem ou acreditam. Por isso mesmo, há a indispensabilidade dessa “assessoria”, acompanhamento para que, com essa intermediação indireta, possamos atingir o âmago de cada um e de todos, por consequência.

Na travessia pandêmica que, no ano de 2021 ainda nos desafia, muitos ditos como influenciadores digitais, por não sustentarem uma reputação atrelada a imagem que buscavam exaltar frente a telinha de seus inúmeros seguidores, viram em questões de segundos, seus números despencarem e o principal, sua credibilidade ser craquelada e posta em dúvida, com relação a sua real intenção.

Mas isso também ocorreu nas esferas corporativas, onde proprietários, personagens de suas próprias marcas ao exporem suas opiniões, em desalinhamentos com o que o credo empresarial divulgava, foram cruciais para a perda da confiança, respeito e das próprias vendas.

Os gestores do executivo de diversas esferas governamentais, atrelados ao seu desempenho político e interesses pessoais, já alvos de desgastantes constantes de descrença da opinião pública, acabaram em muitos episódios tendo total descontrole pela imagem de suas performances, de suas equipes e de si próprios. Insegurança, desconhecimento e mascaramento de informações foram elementos-chave que contribuíram para esse efeito ser ainda maior. Lógico que ocorreram exceções à regra… mas podemos contar nos dedos os políticos que conseguiram navegar em plácidos ambientes em meio à tempestade, justamente por que apostaram em uma comunicação assertiva e transparente, mesmo demonstrando atordoamento e pouca convicção em suas decisões, porém todas embasadas em conhecimentos de equipes multidisciplinares, de cunho científico e esclarecedor. O que denomina-se como profissionalismo… e não amadorismo.

Uma imagem forte e consolidada não permite que o avanço das fake news seja impulsionado e devastador, pois está atrelado a algo já trabalhado em relacionamentos atemporais, cuja aliança permite extravasar confiança e no mínimo gerar algum tipo de dúvida, não uma ação destruidora.

Em uma época na qual o digital ganhou ainda mais projeção, o zelo e primor pelo conteúdo tornou-se categórico e um verdadeiro movimento no melhor estilo de “separar o joio do trigo” está em ebulição, o que irá privilegiar realmente aqueles que tem consistência e denotam muito mais valor enquadrado nos preceitos da humanização que meramente de cifras numéricas.

No mundo de personas, avatares e logomarcas sedimentados somente em roteiros pré-estabelecidos, design moderno e idealizações abstratas, há um horizonte que desponta para um enaltecimento de uma prática viva e sobretudo condolente com o que é real.

A sociedade por si só tem sonhos e quimeras, mas sabe que os mesmos precisam de pilares plenos, não ocos, nos quais a empatia seja reflexo tangível e não um mero discurso não fidedigno.

Os que insistem em investir em arquétipos que não sejam factuais e veros estão fadados a passar sem deixar rastros, ou, se deixá-los, serão tão contraproducentes que rapidamente entrarão na memória do ostracismo e, serão, como se diz no jargão tecnológico “cancelados”.

E isso significa que um espaço outrora ocupado de forma leviana, será substituído, sem a menor sutileza, afinal, a verdade deve sempre prevalecer, por mais concreta e penosa que seja. O que podemos é embrulhá-la em um papel de seda para demonstrar maior delicadeza e senso de consideração e respeito para com o outro, outros e todos nós!

Andrea Nakane é bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas. Possui especialização em Marketing (ESPM-Rio), em Educação do Ensino Superior (Universidade Anhembi-Morumbi), em Administração e Organização de Eventos (Senac-SP), e Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF). É mestre Hospitalidade pela Universidade Anhembi-Morumbi e doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, com tese focada no ambiente dos eventos de entretenimento ao vivo, construção e gestão de marcas.