Quando a dor do outro dói em mim. Por Neusa Medeiros.

Em meio a tantas histórias de perdas, lágrimas e dor profunda, eis que surgem pessoas, em todos cantos e lugares, que mais parecem anjos. Elas chegam para auxiliar a minimizar a tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul.

Quantos desafios temos vivido nos últimos tempos, com uma sequência difícil de fenômenos meteorológicos naturais, além de uma pandemia mundial; do avanço da dengue e, agora, do enfrentamento da maior enchente de todos os tempos.

Quando estamos no meio do furacão fica difícil reconhecer que depois do temporal virá a mudança. O tempo demora para passar. Os dias são sem cor e as expectativas ficam enfraquecidas. Vivemos ligados no automático e estancamos os sonhos… logo quando precisamos renovar as energias.

Entendo que não é fácil virar as costas para tantas perdas humanas e materiais. Recomeçar é sempre desafiador. Restou somente a própria vida? Pois, que ela seja a semente do recomeço. Esvazie esse momento difícil e descubra o seu jeito de sentir menos dor. Deixe a lágrima correr. É possível se fortalecer na dificuldade. Acredite!

O bem também se espalha. Os exemplos arrastam e contagiam. Temos visto uma corrente emocionante de pessoas mobilizadas em prol de outros seres humanos que muitas vezes nem conhecem. Emprestam a sua força e determinação para que mais pessoas e animais se salvem. Um afeto que transborda!

Quando a dor do outro dói em mim cresço por dentro, em empatia, em solidariedade, e me torno gigante. Não é mais somente o eu, que conta, mas o nós. Deixamos diferenças para trás e vamos entregando o nosso melhor, incluindo orações e abraços, que ajudam a curar a tristeza.

Cada um atravessa esse portal levando na bagagem o que pode doar. Tudo é necessário. Alimentos, água, materiais de limpeza e higiene, roupas, apoio médico e psicológico e por aí vai. A lista é infinita. Lembrando que a vida das pessoas e o próprio Estado precisarão ser reconstruídos. Como diz o nosso Hino Rio-grandense, “… mostremos valor, constância, nesta ímpia e injusta guerra… sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra, de modelo a toda terra”.

Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.