Trago hoje um tema considerado um paradigma para muitos campos de estudos atualmente, pois traz a reflexão de como o ambiente digital transformou o fluxo da comunicação, sobretudo, a atuação do profissional de relações públicas mediante a responsabilidade social das organizações por meio de novas estratégias com formadores de opinião e de formatos publicitários nas plataformas digitais, com ênfase nos conteúdos infantis e nos YouTubers mirins.
Entende-se que as diferentes mídias digitais desempenham um papel fundamental na construção da subjetividade das crianças no contexto contemporâneo. Por esse motivo, a reflexão se concentra em analisar em que medida processos comunicacionais podem interferir em uma abordagem ética do profissional de relações públicas, às apropriações das plataformas digitais e aos conteúdos de entretenimento dos sites infantis.
O relações-públicas é um gestor da comunicação, o profissional preparado para estabelecer relacionamento na atuação de todas os setores e promover o engajamento. Mais do que o conteúdo, o trabalho deste profissional desenvolve o cunho da comunicação. A função vai desde a identificação, seguida da análise de conteúdo e preparação para amplificar mensagens até a utilização dos impactos posteriores desta influência para campanhas de publicidade, conteúdo e mídias sociais com os youtubers mirins.
Isto posto, por mais infantis que possam parecer, os influenciadores mirins representam uma ameaça à infância, pois são utilizados como ferramentas para a veiculação de publicidade infantil sem regulamentação e limites claros. Muitos conteúdos que seriam considerados da publicidade televisiva estão difundidos na plataforma de vídeos do YouTube. Nesse cenário, torna-se evidente que o trabalho do relações-públicas é desafiador entre os stakeholders, pois o papel da mediação entre as empresas com potencial econômico e do setor judiciário traz muitos aspectos para serem repensados junto à sociedade.
O uso das crianças na plataforma de vídeos permite, portanto, que elas produzam novas sociabilidades às quais também se submetem. Tais interações apontam para o surgimento do que se pode chamar de uma cultura infantil digital. A percepção de como essas interações se constroem no cotidiano das crianças indica a trajetória de uma vivência comum para um lugar de notabilidade social que vai além das fronteiras online; os youtubers mirins põem em movimento o capital social lúdico acumulado, a fim de construir uma subjetividade das crianças no contexto contemporâneo.
Diante das leis que protegem as crianças da publicidade, os pais não são os únicos responsáveis por monitorar os conteúdos lesivos à infância. É também papel do relações-públicas demonstrar ao governo que a infância deve ser livre dos apelos e das questões levantadas neste artigo, somados aos vídeos das crianças fomentando o consumismo.
A infância e a adolescência junto ao fenômeno da mídia estabelecem uma interrelação que atinge amplamente a multidisciplinaridade. Portanto, cabe a reflexão presente no manto ético aos conteúdos de canais infantis, sobretudo, entre o limite do aceitável e o limite do inaceitável perante a evidente responsabilidade social dos youtubers mirins junto à publicidade infantil. Parte-se da comunicação pretendida ser veiculada sem gerar danos ao público no contexto social.
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Ana Moura é brasileira, relações-públicas e estudante de Relações Internacionais. Gosta de falar sobre tudo. Atua como pesquisadora de Comunicação e Trabalho e de Cultura Organizacional.