Extra! Extra! Entidade do terceiro setor agregou dados e fez aquilo que a imprensa às vezes não faz: produziu informação.

Ao todo foram 50.617 estupros em 2012, contra 47.136 assassinatos intencionais.

Deu no Correio Braziliense:

“Uma das estatísticas mais preocupantes que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública apresentou no começo do mês, no lançamento da 7a. edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, é o número de estupros em 2012, que superou o dos homicídios dolosos (com intenção de matar).

Foram 50.617 casos de violência sexual, os quais representam uma estatística de 26,1 estupros por grupo de 100 mil habitantes — com aumento de 18,1% em relação a 2011, que teve 22,1 casos por grupo de 100 mil pessoas. No caso dos assassinatos, foram feitos 47.136 mil registros.

O FBSP não antecipou os números de estupros por unidade da Federação, apenas divulgou alguns exemplos para ilustrar resultados da pesquisa. Roraima, com 52,2 casos por 100 mil habitantes; Rondônia, com 49 por 100 mil; e Santa Catarina, com 45,8 por 100 mil, foram os estados com maior número de ocorrências de violência sexual. Paraíba, com 8,8 por 100 mil; Rio Grande do Norte, com 9,9 por 100 mil; e Minas Gerais, com 10,1 por 100 mil, registraram os menores índices.

No Distrito Federal, com base nos dados da Secretaria de Segurança Pública do DF, de janeiro a setembro de 2012 o número de estupros também cresceu significativamente: foram registrados 745 casos no período contra 567 nos três primeiros trimestres de 2011; um aumento de 31,4%. Ceilândia, Planaltina, Taguatinga e Plano Piloto lideraram as estatísticas no período”.

O Rio de Janeiro é o estado que registra o maior índice de estupros (é o segundo no país e só tem um hospital que pode fazer o aborto legal, segundo fontes oficiais) e por aqui os neoevangélicos, como em todos os lugares do país, pregam que uma criança fruto de estupro não seja abortada, mas, sim, tenha o nome do estuprador como pai. A criança e a mulher não têm a menor importância, só a suposta vida já existente no embrião, mesmo que nossa morte só seja decretada quando o cérebro cessa de funcionar. E embrião não tem sistema neurológico formado…

Aqui no Estado do Rio de Janeiro, o aborto ilegal está entre as principais causas de morte materna, mas quem está ganhando nas pesquisas para intenção de votos é… Anthony Garotinho, também ele a favor da “bolsa-estupro”.

A Constituição diz que o Estado brasileiro é laico, mas é pura balela. No Senado Federal, os neoevangélicos atrasam a criminalização da homofobia, a descriminalização do aborto e outros avanços sociais. E têm até um ministro de Estado!

Não acho que o aborto seja a solução, mas é uma das saídas. O melhor mesmo é usar camisinha, mas isso não conta no caso de violência sexual, claro!

As igrejas não devem se meter na vida pessoal dos cidadãos. Falar em “opção sexual”, por exemplo, é uma bobagem total, pois “optar” significa escolher entre uma coisa e outra, e não conheço ninguém que tenha “optado” por ser gay. A pessoa é ou não é.

Tudo isso é para dizer que temos que lutar pelo Estado laico de verdade, tirar quaisquer referências religiosas das paredes de entidades públicas, não deixar que uma ditadura neopentecostal tome conta do nosso dia a dia.

E que cada um cuide da sua vida e professe a religião que quiser.

Amém… Eparrê… assim seja! Etc.

Sobre Marcia de Almeida

Jornalista, escritora, roteirista, videomaker e militante da cidadania. Carioca de Botafogo, e botafoguense de coração, escreveu 4 livros de ficção e foi por muito tempo correspondente internacional, quando cobriu a guerra da Bósnia. Integra a Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ e, assinou mensalmente, por dois anos, no Caderno RAZÃO SOCIAL d’O Globo, a coluna Razão & Cidadania, abrangendo temas relacionados a minorias: LGBTs, pessoas com deficiência, ciganos, racismo, vítimas de intolerância, preconceito etc.