Esgotando a tristeza. Por Neusa Medeiros.

Aceitando ou não, em algum momento da vida ela irá chegar, sem convite, sem aviso prévio. Mesmo lutando contra as fraquezas, os deslizes, as frustrações, conviver com a dor será inevitável. Por isso, como diz o escritor Carpinejar, não deixe nenhuma tristeza pela metade, que ela volta.

A tristeza bem chorada é adubo da alegria. Sempre é triste perceber que aguentou mais do que deveria. Enquanto não houver aprendizado, alguns fatos irão se repetir. Desgastar a dor, entender o seu propósito, talvez ajude nesta evolução. O turbilhão interno pode atrapalhar esse ápice, mas enfrentar é cura para as próximas vivências. Aceitar os percalços, mas evoluir, sem conformismos, acreditando que cada etapa é um degrau a mais nesta caminhada.

Nem sempre vamos vencer, mas todas as vezes podemos aprender. É preciso calma, na alma, para entender os desafios e traduzir os sinais que tantas vezes nem fazem sentido, mas que estão ali para ensinar. O coração precisa de alegrias e a mente de paz, mas nem sempre essa combinação trará calma para o corpo. São necessárias pausas para repensar, para recuperar as energias e escolher um novo caminho.

Lembro de um aprendizado: não se deve colocar todos os ovos na mesma cesta, reza o ditado popular, endossado por empresários e investidores. A lógica é distribuir os sonhos em vários locais para garantir bons resultados e minimizar as perdas.

Reconheça que, mesmo sendo difícil, colocar um fim, lidar com maturidade, sempre trará conforto.

A transparência nunca sairá de moda. Ela deve reger as relações. Tarde foi ontem. Hoje ainda dá tempo! “E se isso for defeito, tudo bem”, já dizia Lulu Santos.

Ter a tranquilidade de saber que fizemos o que foi possível com as condições que existiam nos trará um aconchego. É preciso deixar claro que esgotar a tristeza é vital. Não é sobre se entregar aos momentos difíceis, enfraquecer as resistências e desconhecer a importância. É sobre evoluir, não deixar que os maus percalços contaminem a alma. É enfrentar; conhecer as dores que atingem mais o coração e são passíveis de recuperação.

Afinal, esgotando a tristeza caminhamos em direção ao estado de cura.

Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.