DNA DE MARCA - 'Viralizar' é sinônimo de vender?

Os termos trend e viral se tornaram muito conhecidos por conta das redes sociais, principalmente pelo TikTok. Algo se torna viral quando alcança muitas pessoas em um período curto com a ajuda do compartilhamento de usuários.

O que podemos notar é que a viralização pode impulsionar as vendas, como foi o caso da Shein, varejista de moda que se tornou mundialmente conhecida com a ajuda de uma trend criada por uma estudante de moda na época da pandemia de Covid-19.

Recentemente, nos deparamos com outra empresa que alcançou essa viralização, mas desta vez quem viralizou foi um produto, o hidratante labial da Carmed em parceria com a Fini. A terceira maior farmacêutica do Brasil, a Cimed, dona da marca Carmed, foi procurada pela Fini, marca de balas de gelatina, para uma parceria na distribuição da marca no varejo independente. Em seguida, a Carmed desenvolveu em parceria com a Fini hidratantes labiais com os sabores das balas de gelatina da marca.

É claro que a viralização não se deu apenas por conta do produto inédito, mas também pela estratégia de lançamento que usou as redes sociais e influenciadores digitais. A Cimed iniciou o lançamento com teasers do produto divulgados nas redes sociais do presidente e da vice-presidente da empresa, que possuem juntos mais de 3 milhões de seguidores no Instagram. Depois disso, influenciadores receberam em primeira mão os produtos e começaram a trabalhar o desejo de compra dos consumidores. O resultado foi uma chuva de conteúdos gerados organicamente sobre o produto, somando mais de 160 milhões de posts só no TikTok.

Além disso, a empresa pretende faturar R$40 milhões com a collab. Segundo Karla Felmanas, vice-presidente da Cimed, as marcas decidiram apostar apenas nas redes sociais para anunciar o lançamento e não investir em outras frentes e o resultado foi surpreendente.

Vamos analisar como um todo esse lançamento e a estratégia utilizada: se o produto não tivesse viralizado nas redes sociais, você acha que a marca esperaria vender R$ 40 milhões em hidratantes labiais? Provavelmente, não. Se o produto tivesse um preço elevado, você acha que tantas pessoas iriam querer adquirir? Provavelmente, não. Antes mesmo de tomar a decisão de só divulgar o produto nas redes sociais, as marcas Cimed e Fini já sabiam de todo o potencial das redes sociais e dos influenciadores, além do potencial do produto de ter alta demanda, o que deu a eles mais confiança em adotar tal estratégia.

O que eu quero salientar é que apenas adotar uma estratégia exclusiva para as redes sociais com o objetivo de viralizar não é o que fará seu produto viralizar, mas sim o conjunto todo de ações, considerando divulgação e produto, algo que a Cimed e a Fini fizeram muito bem.

Maria Gabriela Tosin é graduada em Relações Públicas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), especialista em Mídias Digitais pela Universidade Positivo e mestranda em Administração na PUC-PR. É criadora do blog pippoca.com, atua como pesquisadora, é autônoma e colaboradora em diversos blogs.