DNA DE MARCA - Existe limite para a publicidade?

É nítido que ficamos atentos quando vemos uma propaganda ou promoção que foge do comum e consegue atingir o mais alto nível de criatividade, mas o problema é que para alcançar esse efeito muitas vezes a publicidade ultrapassa limites, mas será que existem limites?

Recentemente, o Brasil parou para acompanhar o caso da atriz e cantora Larissa Manoela. Em uma entrevista ao programa Fantástico, no Dia dos Pais, Larissa contou que seus pais não eram transparentes em relação ao dinheiro fruto do seu trabalho desde a infância, além de controlarem toda sua fortuna, e a atriz – agora com 18 anos – decidiu cuidar do próprio negócio e romper relações com sua mãe e seu pai.

Depois dessa entrevista na TV aberta, o Brasil inteiro só falava de um assunto; Larissa Manoela, e é claro que as marcas iriam querer aproveitar essa popularidade da atriz. Burger King convidou Larissa para fazer uma peça de propaganda sobre uma nova promoção e inseriu de forma sarcástica o assunto da vez no roteiro, incluindo até a frase “o dinheiro é meu” ao final do vídeo. Com certeza, um assunto delicado de se tratar, mas nesse caso os dois lados aceitaram tratá-lo de forma banal e alcançaram um ótimo resultado para a marca.

Ludmilla, cantora de funk e agora também de pagode, utilizou de uma estratégia um tanto inusitada para promover seu novo show, o Numanice. A cantora ofereceu ingressos para quem doasse sangue no Rio de Janeiro. O resultado foi surpreendente e lotou o HemoRio, que registrou 500 doações em um único dia. A cantora tentou aplicar a mesma estratégia em Minas Gerais, mas foi barrada pelo HemoMinas – a fundação agradeceu o apoio da artista à causa, mas informou que a legislação atual impede benefícios quando se doa sangue, e que essa medida seria para assegurar a qualidade do sangue doado.

Esses dois casos me fizeram refletir sobre os limites da publicidade. É importante lembrar que há sempre dois lados, o da empresa que pensa na ação e quem irá executá-la. Se ambas as partes concordam que não há limites, a proposta pode seguir tranquilamente, porém, não podemos esquecer que também há os limites da audiência; uma boa parcela pode interpretar que aquela publicidade ultrapassou limites e assim arruinar a relação do consumidor com a marca. Antes de qualquer ação inusitada, ou que fuja dos padrões, a reflexão sobre aceitar ou não deve vir acompanhada da pergunta: – Esta ação ultrapassa quais limites?

Maria Gabriela Tosin é graduada em Relações Públicas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), especialista em Mídias Digitais pela Universidade Positivo e mestranda em Administração na PUC-PR. É criadora do blog pippoca.com, atua como pesquisadora, é autônoma e colaboradora em diversos blogs.