COMUNICAR É PRECISO - Comunicar é preciso, mas o silêncio também é necessário.

Quando o hiato é mais significante do que o discurso.

Um dos fenômenos do isolamento social foi o aumento do ruído comunicacional, consequência direta de uma verborragia nem sempre oriunda do sentido.

O teletrabalho inundou a rotina de reuniões online, ligações e trocas de mensagens interruptivas e de pouco contexto. Esforços de alinhamento ou impulsos de controle em relações de pouca confiança recíproca?

As redes sociais passaram a ser janelas obrigatórias do sujeito para a sociedade. Pessoas e instituições, que antes eram ouvidas somente em seu microcosmo, puderam usar os microfones (o que é ótimo) e ultrapassar fronteiras.

Mas como ouvir e ser ouvido nesta avenida em horário de pico?

Em apenas um minuto de deslizar o dedo pela tela, a infinidade de oferta de cursos, palestras, lives, webnários, ‘artigos’ e resultados de ‘pesquisas’ chegam a provocar uma exaustão de tanto estímulo.

Em uma humanidade tão rudimentar em termos de relações sociais como a nossa, temos realmente tantos professores assim? Temos tanto a falar? Nada a entender?

Quebro um mês de apagão pessoal de discurso com uma provocação: o que temos a dizer é realmente tão útil, necessário e relevante?

Será que neste momento não estamos mais precisando fazer só perguntas e dar tempo para o silêncio responder?

Imagens: Wiki Commons – Annibale Carracci (Bologna 1560-Rome 1609) – The Madonna and Sleeping Child with the Infant St John the Baptist (‘Il Silenzio’) – RCIN 404762 – Royal Collection.

Fernanda Galheigo é jornalista com foco em comunicação interna e fortalecimento da liderança. Mãe de gêmeos, é apaixonada pela comunicação como forma de cura, ferramenta de gestão e de qualidade de vida.