Leitura comparada da última obra publicada (2006) por Roberto Porto Simões (Editora Summus: “Informação, inteligência e utopia – contribuição para uma teoria de Relações Públicas”).
O estado gaúcho e o estado de São Paulo são locais pontas de lança no campo das Relações Públicas. Em muitos aspectos; na produção científica, no número de cursos de graduação e pós-graduação relacionados, e na prática profissional, em empresas e instituições – públicas e do terceiro setor.
Não por acaso, estão fincadas nesses estados as duas colunas-mestras do campo acadêmico das Relações Públicas: Margarida Kunsch e Roberto Porto Simões.
Eu, Manoel Marcondes Neto, tive o privilégio de conviver com ambos. Fui aluno e orientando de Margarida Kunsch, no doutorado (USP), entre 1996 e 1999. Participei, junto a Porto Simões, de inúmeras bancas de mestrado, doutorado e de concurso público, tanto no Rio de Janeiro quanto no Rio Grande do Sul – nas décadas de 1990 e 2000, até seu falecimento em 2018 (acesse).
No estado gaúcho estão as escolas mais interessadas nas teses que o Observatório da Comunicação Institucional defende. É, também, o estado origem da maior parte dos acessos ao portal O.C.I.
A cereja do bolo: das seis fases percorridas no percurso científico de desenvolvimento do Índice de Transparência Ativa (Sistema 5R-INDEX), três delas foram levadas a efeito em Caxias do Sul, estado do Rio Grande do Sul. Ou seja, 50% do DNA da inovação que o O.C.I. apresentou ao mundo são gaúchos.
Nesse contexto é que permito-me “conversar” com o mestre, promovendo um diálogo textual entre o meu mais recente livro “8 Rs da Comunicação Funcional / 720 graus:…” e sua última obra, “Informação, inteligência e utopia: contribuição para uma teoria de Relações Públicas”, publicada em 2006 pela Summus Editorial.
OBS.:
Historicamente, dentre as duas proeminentes correntes de pensamento sobre Relações Públicas no Brasil – de Kunsch e Simões – há diferenças capitais e a maior delas é de pressupostos.
Enquanto a visão de Kunsch fundamenta-se nas atividades que foram sendo atribuídas – por gestores, sobretudo públicos – às Relações Públicas ao longo das décadas de 1970 e 1980 (eventos, house organs, cerimonial), a visão de Porto Simões – fundada sobre a Psico-Sociologia – busca um veio teórico filosófico que promova assessoramento em alto nível às organizações, na linha de Bertrand Canfield que, na década de 1950, estabeleceu as bases das relações institucionais (“public affairs”).
Kunsch e Simões podem ser considerados mãe e pai conceituais deste escriba que, ao mesmo tempo, preserva e muda, protege e desenvolve, enaltece e se responsabiliza no campo das Relações Públicas.