'Rebranding' do mal - no país do me-engana-que-eu-gosto.

Este OCI realizou dois grandes estudos sobre partidos políticos brasileiros: em 2014 (com, então, 32 partidos), e em 2016 (com as 35 atuais agremiações partidárias).

No primeiro, analisou o discurso institucional das siglas e viu confirmada a sua tese (por dois professores-doutores independentes) de que os partidos brasileiros se comunicam mal com a cidadania. Um segundo achado surpreendeu-nos: além de se comunicar mal, as siglas, todas, não se distinguem umas das outras perante o eleitorado – algo muito mais grave, uma vez que as instituições mais importantes de uma democracia representativa são, justamente, os partidos políticos.

No segundo estudo, avaliou o quadro de ‘coalizões’ (palavra predileta do ex-presidente dos EUA, George W. Bush) que se formaram para o pleito municipal em um ‘case’ levado a efeito em Niterói (cidade fluminense de 500.000 habitantes que foi capital do estado Rio de Janeiro até 1975). Os achados confirmaram a nossa tese: do ponto de vida do ‘enunciado declarativo’, do discurso institucional (e parlamentares são entes que se viabilizam diante de seus eleitores justamente pela via da palavra) das ‘chapas-coalizões’, fica absolutamente impossível administrar dada a incongruência ideológica das siglas.

Agora, no Brasil, além de quase cinco dezenas de pedidos de criação de novos partidos em análise pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), frente ao pleito de 2018, surge um novo tipo de artimanha – uma espécie de ‘partywashing’, processo primo do malfadado ‘greenwashing’ – que dá ares de sustentabilidade ‘verde’ a notórios desmatadores e poluidores. Leia – aqui – matéria publicada n’O Globo de anteontem (P. 13), por Jeferson Ribeiro. Parece piada pronta – e é – que a sigla PTN se disfarce em ‘Podemos’, e o PTdoB, em ‘Avante’. O eleitor que se cuide!

Uma vez que tal comunicação enganosa não é vedada pela Justiça Eleitoral, é preciso que a cidadania se muna de mais atenção para não ser enganada e votar em genuínos lobos (mal) disfarçados sob a pele de cordeiros.

Sobre Marcondes Neto

Bacharel em Relações Públicas pelo IPCS/UERJ. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, sob a orientação de Margarida Kunsch. Professor e pesquisador da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ. Editor do website rrpp.com.br. Secretário-geral do Conrerp / 1a. Região (2010-2012).