O flagelo das 'fake news'. Ou... aos lobos a guarda das galinhas.

No release de divulgação de um evento ‘do meio’ a frase chamou-me a atenção. O flagelo das fake news. Seria finalmente um mea culpa da media mainstream por desinformar? Infelizmente, não. Trata-se só de mais um convescote entre aqueles mesmos senhores que construíram o sistema (Jornalismo-Propaganda-Poder) que vem perdendo credibilidade e audiência a cada dia que passa. Repare nos tópicos:

  • A crise foi mesmo um ‘cataclisma’ para o Jornalismo, como alguns previram?
  • Como manter os índices de confiança conquistados na crise?
  • Como este capital pode ser aproveitado para amenizar os impactos financeiros na indústria?
  • Pode a Covid-19 ter ajudado a conscientizar sobre o flagelo das fake news?
  • Qual o legado da crise e como ele contribuirá para um novo ciclo no Jornalismo?

Minha ‘contribuição’ pessoal – não escrevo, aqui, em nome deste O.C.I. – para o debate dessas questões:

  1. A crise causada pela internet – e sua cultura de gratuidade e uberização (cantadas em prosa e verso pelos mesmos que agora choramingam) – é, sim cataclisma. Salve-se quem puder!
  2. Que índices de confiança ‘conquistados’? Se havia ainda alguma confiança, ela foi erodida pelas escolhas subservientes, sensacionalistas e geradoras de pânico adotadas pela media mainstream na pandemia.
  3. Capital? Que capital? Talvez aquele que vem de anunciantes oportunistas e governos estaduais empenhados em manter a população apavorada, em casa, dando audiência ao ‘clube’ da mídia.
  4. A pandemia da Covid-19 serviu, sim – grave como é, não contesto – como elemento catalisador para abertura de várias caixas que, como a de Pandora, fundamentam-se no choque, no medo, na paralisia, em conluios e omertà criminosos.
  5. Legado da crise? Novo ciclo? Só com empreendedorismo no Jornalismo – uma única esperança – fazendo surgir novos veículos, com novas pessoas à frente. Com ética. Sem bonificação de volume, sem campanha eleitoral disfarçada, sem fake news.

Sobre Marcondes Neto

Bacharel em Relações Públicas pelo IPCS/UERJ. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, sob a orientação de Margarida Kunsch. Professor e pesquisador da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ. Editor do website rrpp.com.br. Secretário-geral do Conrerp / 1a. Região (2010-2012).