Clipping variado... mas uma Nota só.

Royal Charter

E os jornalões brasileiros, sozinhos ou irmanados em suas associações, grupos e que tais, vem repercutindo frenética e nervosamente os debates que ora acontecem no Reino Unido acerca de, com o perdão da má palavra, regulação. Algo que a mídia comercial, em qualquer país do mundo, não aceita bem.

Pois, bem, em 17 de janeiro, último, o jornal O Globo expressava assim a sua preocupação: “Regras para mídia dividem britânicos” (P. 23).

Depois de dois dias de rodadas de reuniões com os representantes do segmento de comunicação no Reino Unido, a avaliação preliminar da missão de 15 especialistas, liderada pela Associação Mundial de Jornais e Editores de Jornais, enviados à capital britânica para avaliar os rumos da mídia no país é de que ainda falta clareza ao debate para que se possa bater o martelo sobre a questão.

Os bastidores das discussões sobre a nova regulamentação que vem sendo desenhada para o setor mostram que ainda existe uma grande polarização não só entre políticos, como também entre os órgãos de imprensa e a própria academia, o que poderia comprometer o futuro da imprensa no país e a eficiência das normas que estão sendo tratadas…

Acredita-se que o Royal Charter (Carta Real), que prevê o estabelecimento de um controle independente da imprensa, mais do que um documento que prevê a adesão voluntária das empresas de comunicação, vem se definindo como uma imposição do governo, que poderá restringir as liberdades de expressão…

O documento, criado após o escândalo dos grampos de telefones de celebridades pelo Reino Unido, em 2010, foi assinado pela rainha. Os detalhes ainda estão sendo discutidos. Mas, se a imprensa não aderir ao que propõe a nova regulamentação, outro documento deverá ser submetido à apreciação do parlamento e aprovado por dois terços da Casa para entrar em vigor.

Pelas regras que já passaram pela caneta Real, um órgão independente poderá aplicar multas de até um milhão de libras (cerca de U$ 1,5 milhão) ou até 1% do faturamento das empresas, além de obrigar jornais, revistas e sites de internet com conteúdo jornalístico a publicar pedidos de desculpas com destaque nas primeiras páginas sempre que considerar apropriado… 

No dia seguinte, 18 de janeiro, suíte da matéria: “Reino Unido pode criar lei desigual para mídia” (P. 32).

Empresa que aderir à nova legislação terá penalidades mais brandas.

O Reino Unido pode estra prestes a adotar uma legislação discriminatória e desigual para o setor de comunicação, se não promover um grande debate sobre o exercício da profissão de jornalismo (sic) no país. Este é um dos riscos para a atuação da imprensa local – considerada uma das mais livres do mundo -, que uma missão com especialistas internacionais deve apontar, em fevereiro, em um relatório sobre os rumos da mídia britânica…

Esta foi a segunda missão enviada a uma democracia do mundo desenvolvido desde 1948, quando a organização [Associação Mundial de Jornais e Editores de Jornais] foi fundada. A iniciativa foi motivada não apenas pela nova regulamentação para o setor, mas também pela reação do governo britânico às publicações do jornal “The Guardian” sobre dados de espionagem da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA) vazados pelo ex-agente Edward Snowden…

Enquanto isso, no Brasil, o mesmo jornal O Globo, publicou na coluna de Ancelmo Gois (P. 12) a seguinte notinha:

Imprensa

O coleguinha Guilherme Barros deixou o Ministério da Fazenda. Vai assumir a comunicação da FIESP.

Está exposta a ideia (e a prática) do tráfico de influência que rege a jabuticaba “assessoria de imprensa” brasileira. Realmente, deve interessar muito aos leitores d’O Globo que o jornalista em questão tenha se fartado do trabalhador Guido Mantega e resolvido mudar de lado, passando a assessorar ninguém menos que o patrão Paulo Skaf… junto aos “coleguinhas” (bem) postos na redações.

Sobre Marcondes Neto

Bacharel em Relações Públicas pelo IPCS/UERJ. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, sob a orientação de Margarida Kunsch. Professor e pesquisador da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ. Editor do website rrpp.com.br. Secretário-geral do Conrerp / 1a. Região (2010-2012).