Em setembro último, após quatro anos de expectativa, o MEC finalmente expediu as novas diretrizes curriculares nacionais para o bacharelado em Relações Públicas e em Jornalismo.
Como era sabido, extinguiu-se o conceito “guarda-chuva” de Comunicação “Social” (de triste memória, pois que uma impostura do regime de 1964 amparado numa leitura da Igreja Católica), e as antigas “habilitações profissionais”, antes oferecidas no curso de graduação, passam a ser cursos autônomos, independentes, livres do que se convencionou chamar de “tronco comum” de formação básica.
A partir de agora cada curso pode definir, a partir dos parâmetros nacionais em vigor (as IES – Instituições de Ensino Superior – terão dois anos para adaptar-se), suas próprias disciplinas e planos de periodização. [Aliás, as duas principais IES do país, na área, a USP e a UFRJ, nunca apuseram o Social na denominação de suas unidades acadêmicas de comunicação. Na USP, a original Escola de Comunicações Culturais tornou-se a ECA (atual), Escola de Comunicações e Artes. Na UFRJ, desde sempre, tivemos – como unidade autônoma – a Escola de Comunicação (ECO)].
Estranhamente nada se publica, ou explica, sobre a historicamente mais procurada “habilitação” entre as três mais consagradas; a Propaganda (e atenção, MEC: denominar a área de Publicidade & Propaganda – sabido, e non sense, despropósito – é desserviço que podia, finalmente, ser corrigido). Publicidade, termo que introduziu-se no Brasil a partir da tradução da palavra inglesa publicity, significa – no jargão do Direito e da Comunicação – “divulgação”, “tornar público”, “dar publicidade”, “publicizar” – atividade clássica, ao redor do mundo todo, das Relações Públicas, dos relações-públicas (única profissão regulamentada na área da comunicação – pela Lei 5.377/1967, com Código de Conduta Ética próprio e sob o Sistema Conferp-Conrerp).
E as demais especialidades da comunicação? Como ficam, eliminado o “guarda-chuva”, a Produção Editorial (ou Editoração), Produção Cultural, Radialismo (ou Rádio & TV), a Biblioteconomia e a Arquivologia? O curso de Cinema já havia se exposto à chuva antes. Desregulamentado, o ofício pode ser aprendido também em cursos de dois anos, na graduação de curta duração (ou formação de Tecnólogos).
Uma coisa não se discute: permanece a doença bacharelesca. E o curso de Relações Públicas, por exemplo, na contramão da aceleração do tempo em que vivemos, passou de um mínimo de 2.700 horas-aula (onde cada hora-aula era um tempo de 50 minutos – ou 45 nos cursos noturnos) para 3.200 horas (“cheias”, de 60 minutos).
Deu na BBC Brasil: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/10/131004_mercado_trabalho_diplomas_ru.shtml.
COMENTÁRIO
Este OCI considera oportuno que, uma vez exaradas e bem conhecidas as DCNs para Relações Públicas, reúnam-se as IES em um lobbying intenso pela imediata revisão desta carga horária mínima – antes de sua implementação.
A hora é agora!
Currículos mínimos são coisa do passado ditatorial e a permanecer a novíssima – e descabida – exigência, tememos pelo abandono da carreira não só pelas IES particulares (pela aversão à oferta de cursos mais custosos e, portanto, mais caros), como pela própria juventude, seduzida por resultados mais rápidos (daí o sucesso dos Tecnólogos, muitas vezes canibais de bacharelados numa mesma IES), e investimentos mais cabíveis em seus próprios bolsos ou nos dos papais e mamães…