BRASIL: um país de jornais sem jornalistas - que devem estar ocupados fazendo outras coisas...

EMPRESA DE FUTURO

Esta Nota Crítica é feita após muita espera… de uma clipagem como a que figura no rodapé desta postagem, e que – hoje, via portal “Comunique-se” – chegou à internet sob o seguinte título: Netflix procura jornalista para comandar a comunicação da marca no Brasil.

O que mais dizer sobre o antiético desvio de função? O que mais escrever sobre conflito de interesses e de funções? O que mais explicar sobre a promiscuidade indesejável do exercício do jornalismo profissional concomitante, paralelo, alternante, à atividade de relações públicas? Last but not least: os cursos de Jornalismo formam perfis para atender a este tipo de demanda?

Ora, a própria ABRACOM, Associação Brasileira das Agências de Comunicação, apoiadora institucional deste OCI, condena o que denomina – muito propriamente, aliás, “dupla militância”.

E mais: em países desenvolvidos tal prática pode ser até considerada criminosa. É o caso de Portugal, por exemplo.

Mas não é este o principal enfoque que a clipagem originou, e – sim – o do comentário a seguir:

COMENTÁRIO

“Toda profissão tem um propósito moral. A Medicina tem a Saúde. O Direito tem a Justiça.
Relações Públicas têm a Harmonia – a harmonia social”.

(Seib e Fitzpatrick, Public Relations Ethics – 1995). In SIMÕES, Roberto Porto. Informação, inteligência e utopia: contribuições à teoria de relações públicas (2006). 

“A outra face da medalha da ética é a transparência. O composto de 4 Rs das Relações Públicas Plenas constitui
um caminho para a obtenção da tão demandada transparência nos negócios”.

(Machado Neto, Manoel Marcondes – 2014). In Painel “Os dilemas éticos da comunicação”, 3o. Forum Abracom de Gestão da Comunicação Corporativa, São Paulo.

Sabemos que, no mercado em geral, quando se pergunta sobre “comunicação”, tem-se apenas duas respostas prontas e fáceis: propaganda e jornalismo.

A primeira porque é a mais crucial e básica ‘sabedoria’ de qualquer negócio – do armarinho à montadora de automóveis, da padaria ao site de vendas: “a propaganda é a alma do negócio”. E a segunda, umbilicalmente ligada à primeira porque, afinal, é na mídia mais tradicional (jornais, revistas, emissoras de rádio e de TV, cinema, outdoors e sistemas de alto-falantes), o suporte da propaganda.

No senso comum, quando alguém ou alguma coisa (produto, serviço, marca, campanha, causa) precisam de divulgação (publicity), a primeira coisa a se fazer é propaganda (advertising), ou seja, aquela inserção (anúncio) paga, na mídia, que ‘venderá o peixe’ em questão. A negócios nesta fase podemos atribuir estarem “na infância” em termos de comunicação.

Mas quando todos já anunciam, toda a mídia está tomada também pela concorrência, é preciso ir além. E, aí, a segunda ‘coisa’ aparece: a tal da assessoria ‘de imprensa’ (public relations no mundo todo – menos no Brasil). Aquela atividade que dará ao sujeito, objeto ou fato divulgado uma presença ‘espontânea’ na mídia (entenda-se esta mídia como ‘espontânea’ porque não paga – chamada lá fora justamente de free publicity). A este estágio poderíamos chamar “adolescência” de uma organização em termos de sua comunicação externa.

A grande maioria das organizações se dá bem com o uso dessas duas vertentes majoritárias no campo da comunicação mercadológica (ou comunicação de marketing). Porém – e sempre há um porém quando se sofisticam e complexificam as coisas – o que fazer, para se destacar, quando todos os players de um segmento de mercado fazem bom uso das duas vertentes?

Nossa resposta, na ponta da língua, é: há que colocar em marcha uma filosofia – e ações – de relações públicas plenas. Entenda-se por RP Plenas a concepção única, brasileira, de construção desta área, onde para muito além de media relations, agrega-se habilidades e competências para atuação em comunicação interna, comunicação institucional, planejamento e produção de eventos, construção e manutenção da imagem de marca, gestão de patrocínios, relações com stakeholders, gerenciamento de crises de imagem pública e outras tantas agregadas aos currículos universitários desde a criação da primeira especialização em solo brasileiro, na Fundação Getulio Vargas, em 1953, com o professor (sueco naturalizado estadunidense) Eric Carlson.

Está dada, então, a perspectiva que podemos chamar de “maturidade” da organização em termos de suas satisfações públicas: a cidadania empresarial – objeto direto das Relações Públicas.

LINK – https://us-mg6.mail.yahoo.com/neo/launch?.rand=9op267i5es90e#760912681