Você já foi um desestimulador de sonhos? Eu já. Por Giovanna Travensolo.

Na época da escola, eu tinha uma melhor amiga que queria muito seguir a carreira de Fisioterapia. Quando ela me contou sobre seu sonho e sua vontade de se graduar nessa carreira, eu imediatamente fiz a conexão com uma conhecida mais velha que tinha seguido a carreira e “não tinha dado certo”. Dividi com ela essas vivências de uma forma não tão legal, inclusive citando aquela fatídica frase “não sei se dá futuro, será que vale mesmo a pena?”.

A minha intenção foi realmente tentar ajudá-la, afinal, se tinha dado “tão errado” com a minha conhecida, eu não queria que desse errado com a minha amiga. Mas fui tão infeliz… Não percebi que estava apenas reproduzindo comentários, vivências e experiências de outras pessoas que nada tinham a ver com aquela minha amiga. E fui tão pueril que sequer percebi que reproduzia um comportamento que faziam comigo.

Quando eu compartilhava sobre minha vontade de cursar Comunicação e Relações Públicas, eu sentia muitos olhares de julgamento misturado com aquela expressão de “dó”, junto com algumas frases como “ah… mas só vai dar certo se for p’ra Brasília ou p’ra São Paulo”, “ih… mas isso aqui no Brasil não dá certo”, “isso não dá dinheiro não, né?”.

Essas frases e expressões me chateavam, me faziam repensar sobre a minha escolha, “será que faz sentido mesmo?”. A verdade é que estamos tão acostumados a colocar as coisas em caixinhas pré-definidas e achar que qualquer decisão deverá ser definitiva na nossa vida, que acabamos sendo essa pessoa: o desestimulador de sonhos.

O desestimulador de sonhos não leva em conta as inúmeras possibilidades de atuação de carreira, não leva em consideração o fato de que as pessoas não têm o mesmo objetivo de vida, e mais que isso, o desestimulador de sonhos não leva em conta as motivações e sonhos da outra pessoa.

Eu recebi tantas desmotivações e condições para seguir a profissão que eu queria que só depois de anos eu entendi que eu mesma fui uma desestimuladora de sonhos com uma das minhas melhores amigas.

Hoje eu sou graduada em Relações Públicas, ela é graduada em Fisioterapia, e ambas estamos muito felizes e realizadas com as nossas áreas de atuação. Depois de tantos anos, aprendi que as possibilidades da vida são muito mais complexas e vastas do que se imagina na escola e que, no fim do dia, o importante é fazer algo em que acreditamos de coração. E que, é claro, seria muito mais divertido e encorajador ter pessoas ao nosso lado que nos apoiassem e não desestimulassem nossos sonhos.

Giovanna Travensolo é graduada em Relações Públicas pela Unesp e pós-graduada pela Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa. Nas suas próprias palavras: “movida pelo poder que a comunicação tem e em como ela pode mover mundos – sou uma ‘resolvedora’ de problemas, sempre curiosa e totalmente dedicada a todas as causas e experiências que me envolvo”. Atualmente é analista de encantamento do cliente no ‘Zé Delivery’ e sua missão é gerar atendimento e relacionamento incríveis para os públicos do Zé nas redes sociais.