Você é um bloqueador de ideias? Por Poliane Brito.

Você já tentou organizar um churrasco de família (antes da pandemia, é claro!) e aí percebeu que não dá para contar com todo mundo? Alguns são aliados, colocam a mão na massa e fazem a celebração acontecer. Outros até se interessam, mas estão tão ocupados com suas atividades diárias que pouco contribuem.

Tem também aquele parente que não gosta de nada, acha tudo difícil e todo mundo já sabe que é só ignorar e tudo vai ficar bem. Por outro lado, se for a matriarca ou o patriarca que não vê graça nenhuma na comemoração, a gente tem que se preocupar. Afinal, a família vai para onde eles forem.

Na família ou no trabalho, o comportamento das pessoas geralmente é semelhante. A maior parte de nós, que conduz projetos ou propõe novas ideias, precisa lidar com todos os ‘parentes’ que eu citei acima.

Sempre tem aqueles que apoiam o projeto, aqueles que vão fazer a coisa acontecer; os que não se interessam para que a ideia seja implementada e os que não gostaram do que foi proposto e vão fazer de tudo para que as coisas continuem como sempre foram.

Com o tempo, a gente aprende que o mais importante para o sucesso (de uma área ou de um profissional) depende do poder de convencimento e influência que exerce na organização.

Eu vou te contar uma história. No meu primeiro trabalho, eu queria muito implementar uma espécie de podcast semanal da personalidade pública que eu assessorava.

Demorou uns dois anos, dos cinco que eu trabalhei lá, para a ideia sair do papel. Ela não era complexa, não era cara e gerava um excelente resultado. Ela não aconteceu antes, pois as pessoas com influência na organização não apoiavam. Não importava se a ideia era ou não boa, mas nos aliados que eu tinha para que ela fosse colocada em prática.

A primeira pessoa que eu tive de convencer foi o meu chefe imediato, que até gostou da ideia, mas ninguém no mercado fazia aquilo. Será que não ia pegar mal?

Depois que o convenci – falei da ideia, vieram questionamentos, respondi às dúvidas – e ele se tornou um aliado, tivemos que convencer o chefe dele.

O cara era uma pessoa que detestava mudança. Não queria nenhum desgaste, mas ele tinha uma influência muito grande. Se ele bloqueasse a ideia, não tinha o que fazer. De tanto insistir, ele aceitou que fizéssemos um piloto. Fizemos e a pessoa que eu assessorava – a pessoa de mais influência – gostou muito da ideia, decidiu que faríamos todas as semanas.

Da noite para o dia, a coisa aconteceu. Depois disso e de uma capacitação de gestão de projetos que eu fiz passei a ‘classificar’ mentalmente a minha atitude e de outras pessoas em aliados, bloqueadores, redes e desaceleradores. É uma classificação que está na literatura da gestão de projetos e considera o poder e interesse das pessoas.

Aliados: estão interessados na ideia ou projeto, têm um poder alto de influência e decisão. É preciso que eles fiquem satisfeitos. Se algo der errado, irão se decepcionar e questionar atitudes.

Redes: estão interessados no projeto ou ideia, mas têm pouca influência. O ideal é sempre informar o que está acontecendo.

Desaceleradores: não se interessam pelo projeto ou ideia e não influenciam muito. Negociar e monitorar são boas alternativas e, quem sabe, eles passem a ser ‘redes’.

Bloqueadores: não se interessam pelo projeto e possuem alto poder de negociação. Negociar e isolar é importante. Muitas vezes, não são perceptíveis facilmente dentro da organização.

Você consegue identificar pessoas assim no seu trabalho ou na sua família?

Poliane Brito – Marketing | Public Relations | Crisis Management | Marketing | Internal Communication