Nos últimos anos, a palavra sustentabilidade passou a ser usada por todos os lados – de campanhas publicitárias a discursos políticos. Mas será que, por trás dessa avalanche de promessas ecológicas, estamos realmente caminhando para um mundo mais sustentável, ou apenas assistindo a uma grande encenação?
Se tem uma coisa que aprendi como jornalista é que a verdade pode ser incômoda, mas nunca pode ser ignorada. E a verdade sobre o meio ambiente é dura: o planeta está em crise e as ações concretas ainda não acompanham a urgência da situação. Enchentes, ondas de calor cada vez mais intensas, incêndios florestais e secas prolongadas não são mais previsões para um futuro distante – eles já estão acontecendo.
O problema do greenwashing: quando a sustentabilidade vira publicidade
Empresas têm se apressado para se posicionar como “ecologicamente corretas”. Produtos com embalagens “verdes”, promessas de carbono neutro e iniciativas sustentáveis aparecem o tempo todo. Mas será que tudo isso é real? Ou estamos diante de mais um caso de greenwashing, aquela prática de “maquiar” uma empresa como ambientalmente responsável sem, de fato, mudar suas ações?
A verdade é que muitos desses compromissos são superficiais. Algumas marcas prometem compensar suas emissões de carbono plantando árvores, mas, sem fiscalização, quem garante que essas árvores vão crescer e fazer diferença? Outras dizem que seus produtos são recicláveis, mas o plástico continua indo parar nos oceanos.
No fim das contas, sustentabilidade não é uma questão de marketing, e sim de responsabilidade. E cabe a nós, como consumidores, ficar atentos e cobrar transparência.
Crise climática
O problema é de todos, mas a conta não é dividida igual. Se há um fato inquestionável, é que as mudanças climáticas afetam a todos. Mas aqui está o ponto que poucos gostam de admitir: nem todos sofrem na mesma proporção.
Pense nas enchentes que assolam cidades inteiras. Quem tem recursos consegue se proteger, reconstruir e seguir em frente. Mas e quem não tem? Famílias inteiras perdem suas casas e não têm para onde ir. No Brasil e no mundo, os mais pobres são sempre os mais afetados por desastres ambientais.
A crise climática não é só um problema ambiental, é também um problema social e econômico. E fingir que não é só faz aumentar a desigualdade.
E agora? O que podemos fazer?
Muita gente acha que pequenas atitudes individuais não fazem diferença. Mas a verdade é que, se cada um fizesse sua parte e, ao mesmo tempo, exigisse mudanças reais de empresas e governos, o impacto positivo seria enorme.
Aqui estão algumas coisas que você pode fazer agora para ter um impacto positivo:
– Questione marcas e empresas. Antes de comprar um produto, pesquise: essa empresa realmente pratica a sustentabilidade ou só fala bonito?
– Reduza o desperdício. Pequenos hábitos como evitar plásticos descartáveis e reduzir o consumo de energia fazem diferença.
– Apoie políticas públicas sustentáveis. A cobrança por transporte público eficiente, energia limpa e saneamento básico precisa estar na nossa pauta.
– Compartilhe informações confiáveis. O combate à desinformação é essencial para que as pessoas entendam a gravidade da crise climática.
A sustentabilidade verdadeira vai além de discursos bem ensaiados. Ela precisa ser um compromisso real com o futuro.
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Cristina Mesquita é jornalista, cerimonialista e graduada em Direito. Diretora de Comunicação da Associação Brasileira de Profissionais de Cerimonial (ABPC), é coautora do livro ‘Comunicação & Eventos’ e especialista em organização de eventos. Possui MBA em Gestão de Eventos pela ECA-USP.